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O carro novo no Brasil é o mais caro do mundo. Basta comparar os preços dos modelos vendidos no país com os de alguns mercados estrangeiros para constatar esse fenômeno. Os principais motivos desse preço alto seriam, segundo as montadoras, a alta carga tributária brasileira, a baixa escala de produção e o valor elevado da mão de obra. Outra explicação seria o chamado Custo Brasil, ou seja, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção.

Porém, os fabricantes no Brasil não revelam quanto os custos de produção, os salários e os benefícios sociais representam no preço final do carro – esses dados são mesmo um segredo protegido por lei. A falta de transparência com relação a esses custos dá margem a suspeitas de que o preço alto se deve, na verdade, aos altos lucros obtidos na venda de carros no Brasil.

Você sabe por que os carros do setor automotivo brasileiro são tão caros? Como a carga tributária influencia no valor de compra? Quais são os impostos e taxas cobrados na aquisição de um automóvel? Veja, a seguir, quais são os custos envolvidos na compra de um carro e saiba como reduzir esses valores.

Saiba o que alegam as montadoras

As fábricas argumentam ser impossível produzir um carro mais barato no Brasil sem aumentar a escala de produção. No entanto, o Brasil é, atualmente, o oitavo maior produtor de veículos do mundo. Em 2018, a produção nacional alcançou 2,880 milhões de unidades, com alta de 6,7% em relação ao ano anterior, segundo a Associação das montadoras (Anfavea). A projeção é de crescimento de 9% em 2019, para 3,14 milhões de veículos.

A carga tributária no Brasil é um fator determinante para o custo final elevado do veículo. Pesquisa da consultoria PwC Brasil e Anfavea comparou a competitividade dos mercados automotivos do Brasil e do México. Verificou-se que os impostos incidentes sobre a produção do veículo no país são até 44% mais custosos que no México.

Enquanto os impostos sobre carros no Brasil são os mais caros do mundo e o país tem um ambiente de negócios caracterizado pela alta burocracia, por limitações logísticas e altos custos operacionais, o México apresenta um volume de impostos e uma abertura para exportação muito maior nas últimas décadas.

Em 2016, a Anfavea divulgou outro estudo mostrando que um carro no Brasil paga entre 48,2% a 54,8% de taxas, levando-se em consideração todos os impostos, como IPI, ICMS e PIS/Cofins dos últimos anos. Em comparação, a carga tributária de outros países é bem menor, principalmente em nações desenvolvidas, como EUA (7,5%) e Japão (5%).

De acordo com a tabela da FIPE, o carro mais vendido do Brasil, o Chevrolet Ônix, custa R$ 33.739,00, mas, sem as taxas, custaria R$ 16.094,00. O segundo carro mais vendido, o Fiat Palio, custa R$ 24.623,00, mas sem impostos sairia por R$ 11.746,00.

Para melhorar a situação das montadoras brasileiras, o Governo sancionou em dezembro de 2018 a Lei nº 13.755/2018, que oferece incentivos fiscais às empresas do setor.

Atente para os custos adicionais na compra

Muitas pessoas não sabem quais são os custos envolvidos na compra de um carro. Os gastos que devem ser levados em consideração vão muito além do preço do veículo em si. As despesas adicionais podem aumentar o preço do carro em 5,7% a mais que o valor do veículo, em média. Isso acontece porque a compra de um carro envolve gastos como o primeiro emplacamento, custos administrativos, IPVA e seguro obrigatório (DPVAT).

Por isso, tome cuidado para não comprar um carro e depois ter que se endividar para pagar todas as taxas. Uma dica é procurar saber quais são os gastos necessários antes de fechar o negócio. Esse cálculo varia porque o valor de algumas taxas, como do ICMS, que é um imposto estadual, é diferente para cada estado – em São Paulo, por exemplo, a alíquota do ICMS é de 12%, mas outros estados cobram um valor menor.

Além disso, os tributos que incidem sobre o consumo são muito mais altos no Brasil que em outros países porque eles são pagos progressivamente, em várias etapas da cadeia produtiva. Diante dessa infinidade de taxas com alíquotas diferentes, fica difícil calcular com exatidão o impacto das despesas sobre o preço de um carro.

Saiba o quanto você paga mais caro no Brasil

Para se ter uma ideia do quanto o preço de um automóvel é mais elevado no Brasil, basta comparar o valor de um carro comercializado aqui e em outros países. O Volkswagen Jetta Comfortline, por exemplo, é fabricado no México e exportado tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. O preço de entrada do sedã na América do Norte é US$ 18.745 (R$ 72.300). No Brasil, o valor sobe para R$ 99.990.

Essa diferença fica ainda mais significativa se levarmos em consideração valor do salário mínimo de cada um dos países. Enquanto um norte-americano precisaria desembolsar 15 salários mínimos de seu país para comprar o carro, um brasileiro precisaria investir nada menos que 100 salários mínimos locais.

Para conscientizar a população sobre a carga dos impostos que incide sobre o preço dos produtos, foi criado o evento Dia da Liberdade de Impostos, organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem. Na 9ª edição do evento, realizada em 2017, um carro zero quilômetro sem impostos foi vendido por uma concessionária de Brasília por um preço 28% abaixo de seu valor de mercado.

Entenda a tributação do setor automotivo brasileiro

O sistema tributário brasileiro é extremamente complexo, o que atrapalha os negócios e encarece os custos para as empresas. No ranking global de ambiente de negócios do Banco Mundial de 2018, o Brasil ficou em 184º lugar, entre os 190 do ranking, na categoria pagamento de impostos.

Além disso, segundo um estudo do Banco Mundial, o Brasil é o país onde se gasta mais tempo para lidar com a burocracia tributária no mundo – as empresas gastam em média 1.958 horas por ano para cumprir as regras do Fisco. E todo esse trabalho naturalmente gera custos, que depois são repassados pelas empresas nos preços dos produtos.

Para evitar despesas desnecessárias com o pagamento dos impostos estaduais e federais, e evitar a perda de receita para o seu negocio, é importante manter-se sempre atualizado com a legislação, cumprir as obrigações fiscais e utilizar os créditos tributários disponíveis.

Existe também a possibilidade de as montadoras e concessionárias fazerem uma revisão tributária para recuperar impostos pagos a mais. Por exemplo, há inúmeras situações em que empresas do segmento de autopeças inadvertidamente recolhem PIS e COFINS a mais do que o devido previsto na legislação. Um trabalho de revisão tributária pode apurar essas possíveis diferenças.

Contar com uma empresa especializada é fundamental para se certificar que todas as demandas fiscais serão atendidas e a sua empresa não pagará mais imposto que deveria.

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