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A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou reações imediatas nos mercados financeiros globais, com juros futuros americanos em alta e o dólar valorizado frente a outras moedas. Esse cenário aumenta as expectativas de juros mais altos nos EUA, com repercussões significativas também para a economia brasileira.

Logo no início do pregão desta quarta-feira (6), o dólar registrou alta de 1,64% no Brasil, cotado a R$ 5,8404, e já atingiu R$ 5,8619, sua máxima do dia até o momento. Esse avanço da moeda americana impacta diretamente o mercado interno e eleva a tensão em torno das políticas monetárias que o governo Trump pode implementar.

Expectativas dos juros futuros nos EUA e a influência no Brasil

Os juros futuros refletem as expectativas do mercado financeiro para a taxa que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderá estabelecer nos próximos anos. Atualmente, os juros americanos variam entre 4,75% e 5,00% ao ano, influenciando o rendimento das Treasuries, os títulos públicos dos EUA que são considerados um dos investimentos mais seguros do mundo. Com a vitória de Trump, o rendimento do Treasury de 10 anos subiu para o maior patamar em quatro meses, aproximando-se de 4,47%, enquanto os títulos de dois anos chegaram a 4,31%.

Esse movimento nos juros é resultado de um ajuste às expectativas de mercado sobre uma possível política de juros mais rígida, o que poderia atrair capital para os EUA e reduzir a liquidez em mercados emergentes, incluindo o Brasil. A perspectiva de juros mais altos nos EUA pode levar o Fed a adotar uma postura conservadora, mantendo taxas elevadas por mais tempo para controlar a inflação.

“Trump Trade”: o protecionismo e o impacto nas exportações brasileiras

A política econômica de Donald Trump tende a priorizar a produção interna dos EUA, reduzindo a dependência de importações. Esse posicionamento protecionista, conhecido no mercado como Trump Trade, envolve ajustes nas políticas comerciais e tributárias, que podem afetar diretamente países exportadores, como o Brasil. Com os Estados Unidos sendo o segundo maior destino das exportações brasileiras, essa mudança pode resultar em menor demanda por produtos brasileiros e até em restrições comerciais mais severas, especialmente em setores estratégicos.

Além disso, o protecionismo de Trump pode acirrar a disputa comercial com a China, criando barreiras que impactam o comércio internacional e valorizando ainda mais o dólar frente a moedas emergentes. Para o Brasil, esse cenário se traduz em uma pressão sobre o real e sobre os custos de importação, o que poderia dificultar a competitividade das exportações brasileiras no mercado global.

Esse movimento protecionista também pode elevar os preços dos produtos nos próprios Estados Unidos. Tarifas e restrições de importação aumentam os custos de produtos e serviços, gerando uma pressão inflacionária interna que pode obrigar o Fed a manter os juros altos por um período prolongado.

Impacto fiscal no Brasil e o risco de desvalorização do real

Impacto fiscal no Brasil e o risco de desvalorização do real

Além do fortalecimento do dólar no cenário global, a situação fiscal do Brasil contribui para o risco de desvalorização do real. O aumento das despesas públicas e a ausência de um pacote robusto de cortes de gastos têm gerado desconfiança nos investidores, que começam a questionar a capacidade do Brasil de honrar suas obrigações financeiras no médio e longo prazo.

Havia uma expectativa de que o governo brasileiro apresentasse medidas concretas para conter os gastos, mas até agora não houve avanços significativos. Com isso, a percepção de risco aumenta, o que pressiona o governo a elevar as taxas de juros para atrair investimentos e segurar a desvalorização do real. O ambiente fiscal incerto leva a uma demanda por juros maiores, o que agrava ainda mais a situação do câmbio e a instabilidade econômica.

Bitcoin e criptomoedas disparam com a vitória de Trump

Além dos mercados tradicionais, o setor de criptomoedas também reagiu à vitória de Trump. O bitcoin, a criptomoeda mais popular, renovou seu recorde, sendo negociado próximo de US$ 74 mil. Pela manhã, a moeda já acumulava alta de 6,5%, enquanto no Brasil sua valorização chegou a 11%, atingindo quase R$ 443 mil.

Trump demonstrou apoio às criptomoedas durante sua campanha, uma postura que difere bastante da de Kamala Harris, sua adversária. Em julho, ele participou da conferência Bitcoin 2024, onde declarou que sua vitória seria “uma ótima notícia” para investidores em criptoativos. Essa mudança de opinião é significativa, uma vez que Trump já havia expressado oposição ao bitcoin e outras criptomoedas em 2019, afirmando que esses ativos eram altamente voláteis e sem lastro real.

Fonte: G1 e Reuters.

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