As novas medidas comerciais anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acenderam o alerta no mercado global. O chamado tarifaço — um pacote de tarifas imposto a todos os parceiros comerciais dos EUA — levou o banco JP Morgan a revisar suas projeções econômicas, aumentando de 40% para 60% a probabilidade de uma recessão tanto na economia americana quanto na global.
Bruce Kasman, economista-chefe e diretor de pesquisa econômica global do JP Morgan, destacou que “as políticas disruptivas dos EUA foram reconhecidas como o maior risco para as perspectivas globais durante todo o ano”. Segundo ele, o impacto do tarifaço representa um forte choque macroeconômico, que não estava previsto nos cenários anteriores do banco.
Apesar de haver uma chance de que algumas medidas possam ser revertidas parcialmente, o JP Morgan alerta: se o tarifaço seguir conforme anunciado, uma recessão se tornará praticamente inevitável.
O que é o tarifaço de Trump?
O tarifaço é um conjunto de tarifas alfandegárias aplicadas de forma abrangente, sem diferenciação por país ou produto. A nova política de Trump estabelece inicialmente uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações. Em seguida, aplica-se uma taxa adicional, baseada na relação entre o déficit comercial dos EUA com determinado país e o total de importações desse país.
Ou seja, quanto maior o déficit dos EUA em relação a um país, maior será a tarifa adicional cobrada sobre seus produtos. Essa fórmula foi usada de forma uniforme, sem considerar estudos individualizados por mercado ou setor.
Impacto do tarifaço no comércio internacional
No total, 185 países serão afetados pelas novas tarifas. As maiores alíquotas, de até 50%, serão aplicadas a nações como Lesoto e Saint-Pierre e Miquelon. No entanto, a maior parte dos países — incluindo o Brasil — será atingida pela taxa mínima de 10%.
Embora a tarifa aplicada ao Brasil seja considerada baixa em termos percentuais, o impacto para a balança comercial e para exportadores locais pode ser significativo, especialmente em setores como agronegócio, siderurgia e manufaturas.
O tarifaço afeta diretamente o custo dos produtos estrangeiros no mercado americano, tornando-os menos competitivos em comparação aos produtos locais. Isso pode reduzir as exportações brasileiras e de outros países para os EUA, afetando a geração de receita e empregos em setores dependentes desse mercado.
Riscos à economia global
Para o JP Morgan, o tarifaço representa mais do que um entrave comercial — ele sinaliza uma mudança estrutural na política econômica americana. “A combinação de políticas dos EUA parece estar se afastando ainda mais do apoio à expansão atual da economia”, afirmou Kasman.
A previsão do banco para 2025 era de que Trump adotaria uma postura agressiva em diversas frentes, mas ainda com compromisso de manter a expansão econômica. No entanto, o tarifaço indica um caminho oposto: mais protecionismo, menos cooperação internacional e maiores riscos para o crescimento global.
Tarifaço e o cenário político-econômico
O anúncio do tarifaço ocorre em um momento estratégico, com Trump tentando consolidar apoio político em meio a disputas eleitorais. A medida tem forte apelo entre setores industriais americanos, que veem nas tarifas uma forma de proteger empregos e empresas nacionais.
Entretanto, especialistas alertam para os efeitos colaterais. Tarifas elevadas podem provocar retaliações por parte de países afetados, gerar instabilidade nos mercados e comprometer cadeias produtivas globais.
Além disso, o aumento do custo de produtos importados pode pressionar a inflação nos Estados Unidos, o que obrigaria o Federal Reserve a adotar medidas de aperto monetário, afetando ainda mais o crescimento.
Fonte: Money Times.
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