O setor de supermercados no Brasil está enfrentando um novo desafio que tem gerado preocupação entre empresários e consumidores: a estiagem prolongada e as queimadas estão pressionando os preços dos alimentos. Segundo o vice-presidente institucional da Associação Brasileira de Supermercados, Marcio Milan, essas condições climáticas adversas devem se refletir em aumentos imediatos nos preços de produtos essenciais, como verduras, legumes, carne bovina, leite, café e açúcar.
A razão para esse impacto é o ciclo curto de produção desses alimentos, especialmente hortaliças e legumes, que são diretamente afetados pela falta de chuvas e pela destruição causada pelos incêndios. O cenário torna-se ainda mais grave porque essas categorias são altamente sensíveis às mudanças climáticas, e qualquer oscilação afeta rapidamente a oferta e, consequentemente, os preços nas prateleiras.
Embora o quadro climático seja preocupante, Milan mantém uma visão otimista para o setor supermercadista nos próximos meses. Ele cita a continuidade de fatores macroeconômicos favoráveis, como a manutenção de bons níveis de emprego, que devem garantir a estabilidade no consumo. Essa confiança é refletida nos resultados recentes divulgados pela Abras, que apontam um crescimento de 1,16% no consumo de itens de supermercado em agosto de 2024, comparado ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o aumento já atinge 2,54%, muito próximo da meta de 2,5% projetada para o setor em 2024.
Esses números mostram a resiliência do segmento supermercadista, que, mesmo diante de desafios climáticos e econômicos, mantém um desempenho robusto. Além disso, o indicador Abrasmercado, que monitora uma cesta de 35 produtos de grande consumo, registrou uma leve queda no preço em agosto de 2024, em comparação a julho do mesmo ano. O valor médio da cesta caiu 1,32%, fechando o mês de agosto em R$ 732,82. Apesar dessa redução pontual, a cesta ainda acumula alta de 2,13% nos últimos 12 meses e 1,42% ao longo de 2024, reforçando a perspectiva de continuidade no aquecimento do consumo nos próximos meses.
Expansão de supermercados reflete confiança no setor:
Outro dado que ilustra a força do setor é o número de inaugurações de novas lojas. Entre janeiro e setembro de 2024, foram abertas 241 novas unidades, incluindo 134 supermercados e 107 atacarejos. Esse movimento de expansão mostra o apetite do setor por novos investimentos, buscando atender à crescente demanda dos consumidores brasileiros.
O aumento na quantidade de lojas reflete não apenas a confiança no mercado, mas também a adaptação ao comportamento dos consumidores, que têm buscado mais opções e ofertas competitivas.
Além das questões climáticas e de mercado, a Abras também tem monitorado com preocupação o crescimento das apostas online no Brasil, que tem se tornado um problema social.
Milan revelou que a entidade está em diálogo com parlamentares e representantes do governo para discutir a regulamentação dessa atividade. Uma das maiores preocupações é que parte dos recursos do Bolsa Família tem sido desviada para essas apostas, o que pode ter um impacto negativo nas famílias mais vulneráveis e na economia em geral.
O vice-presidente da Abras defende a necessidade de ação governamental urgente, antes que entre em vigor a legislação sobre apostas online em janeiro de 2025.
Ele acredita que o governo precisa adotar medidas preventivas para evitar que essa atividade prejudique o bem-estar social. No entanto, Milan não acredita que o aumento das apostas comprometerá o crescimento do setor supermercadista em 2024.
O setor já superou as metas de crescimento estabelecidas, com alta de 2,54% no acumulado de janeiro a agosto, e a expectativa é que o crescimento anual de 2,5% seja alcançado sem maiores obstáculos.
Diante das adversidades climáticas e das preocupações com o aumento das apostas online, o setor de supermercados segue confiante em seu desempenho para o restante do ano. A resiliência do mercado, sustentada por fatores econômicos favoráveis e pela capacidade de adaptação, indica que, apesar dos desafios, o consumo continuará em alta, mantendo o setor em uma trajetória de crescimento.
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