Hoje, o Brasil possui mais de 13.000 startups, e o segmento SaaS – empresas que oferecem softwares como serviços – soma grande parte de mercado, com mais de 5.500 companhias existentes, o que significada 42% do share, de acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
Como a maioria também está no mercado B2B, o ramo se mostrou resiliente em meio à pandemia, se comparado com outros modelos de negócios, passando longe de sofrer o mesmo impacto financeiro de startups ligadas ás áreas do turismo, entretenimento, mercado de eventos, entre outros.
O cenário favorável está diretamente ligado ao fato de grande parte das empresas SaaS contarem com geração de caixa mais previsível, já que no país aproximadamente 90% delas fazem a cobrança via assinatura e através de pagamento recorrente. Mesmo que a crise tenha afetado algumas empresas despreparadas, a maioria conseguiu seguir a operação apenas com o próprio fluxo de caixa, e até mesmo adequar a queda na receita com ajustes nas despesas.
Por outro lado, as startups que aceleraram o desenvolvimento do produto e inovaram durante a crise estão mais fortalecidas. É o caso específico da Ramper, que lançou a ferramenta “Conectar” no mês passado, na qual permite aos vendedores de empresas B2B realizarem o primeiro contato via e-mail e saberem a hora correta de realizar a ligação ao prospect, além de trazer a possibilidade de os possíveis clientes escolherem a hora ideal para entrar em contato por uma espécie de “WhatsApp do B2B”.
Na mesma linha, a Gupy – empresa de tecnologia para recrutamento e seleção de colaboradores – lançou uma nova solução para auxiliar à admissão de novos colaboradores. Nos dois casos, foram exploradas adjacências imediatas ao segmento em que já atuavam, levando a digitalização para novos processos dentro das empresas. Não à toa, ambas as startups foram reconhecidas entre as mais inovadoras do país pelo 100 Startups to Watch.
Por essas e outras ações, as companhias que apresentaram soluções capazes de contribuir para o aumento de produtividade e beneficiar de alguma forma o trabalho remoto, bem como aquelas que ajudam a reduzir custos e/ou expandir receitas, tendem a surfar uma onda mais favorável daqui para frente. Certamente sairão mais preparadas e capitalizadas da crise!
A expectativa é de que a pandemia também possa, pouco a pouco, transformar o status quo do mercado de startups no Brasil. Após um hype em torno dos unicórnios, os fundos de investimentos estão cada vez menos dispostos em aportar capital em empresas que fazem o management da operação com base apenas no crescimento a qualquer custo e queima de caixa descontrolada.
Com essa mudança de paradigma, algumas startups SaaS podem se beneficiar. Certamente a atenção de potenciais investidores é outra após muitas companhias se mostrarem resilientes e preparadas para atravessar a crise. Além de se mostrarem anticíclicas, o Gartner ainda traz outro componente favorável: o setor deve alcançar faturamento mundial de US$ 143 bilhões em 2022, crescimento de 43,7% em relação aos US$ 99,5 bilhões alcançados no ano passado.
Evidentemente, é preciso deixar claro que as empresas do nicho não têm um potencial de explodir da noite para o dia como outras voltadas ao B2C. Pelo contrário, na maioria das vezes, o crescimento acontece com consistência e por meio da geração de caixa.
Fonte: Canaltech