Por muito tempo, dinheiro não foi problema para o crescimento das startups. Em um cenário de juros baixos, os investidores procuraram por negócios inovadores e com potencial. Porém, com a chegada da pandemia, o ecossistema ficou complicado para os empreendedores conseguirem recursos.
Com a necessidade de buscar novas alternativas de financiamento, uma modalidade ainda não muito popular no Brasil está em evidência: o chamado venture debt, que oferece um pouco mais de segurança para quem injeta o capital e tem um custo menor para quem recebe.
Venture Debt
Podemos dizer que o venture vebt é um tipo de crédito adaptado para empresas como startups e PMSe inovadoras, muito adequado a momentos transformacionais da empresa. Uma das principais características do venture debt é que ele quase sempre é oferecido por fundos de investimentos, ao invés de produtos de crédito tradicionais – oferecidos por bancos.
Outra diferença básica é sobre como a operação de venture debt se remunera em contraste a uma operação de crédito tradicional. Enquanto nessa última temos os juros, no venture debt temos, além dos juros (que podem inclusive ser variáveis em regimes especiais), o kicker.
Usado nos Estados Unidos desde a década de 70, e apenas no último ano o venture debt começou a ser notado pelos empreendedores brasileiros. Com a queda da taxa básica de juros Selic para 2,25%, os investidores se veem obrigados a buscar aplicações mais rentáveis. Para os credores, o venture debt é visto como de alto risco, afinal, envolve empresas com histórico de operação curto ou inexistente, que podem nunca decolar. Entretanto, o retorno almejado fica entre 10% e 25% ao ano.
De acordo com o boostLab, hub de negócios de tecnologia do banco BTG Pactual e a consultoria de inovação ACE Cortex, o mercado brasileiro de venture debt tem tudo para crescer e se tornar sólido como o americano, equivalente a 10% ou 15% do de venture capital. Os investimentos em startups brasileiras na maneira de venture capital somaram 2,7 bilhões de dólares em 2019, 80% mais do que em 2018, segundo um levantamento feito pelo grupo de inovação Distrito.
Com o venture debt, é possível que uma startup possa alcançar em média, de 20% até 30% do total obtido na rodada imediatamente anterior da captação. Todas as operações são personalizadas conforme as necessidades do negócio específico. O venture debt deve ser usado para balancear as fontes de financiamento da empresa entre dívida e participação no capital. Pode ser aplicado também como proteção em episódios de instabilidade econômica, preservando os recursos em caixa destinados à expansão das operações.
Uma desvantagem do venture debt que vale ser lembrada, é gerar uma despesa fixa no orçamento da empresa (os juros que devem ser pagos aos credores). Além do mais, caso a startup não consiga quitar a dívida no prazo, às garantias podem ser executadas.
Grandes empresas internacionais já lançaram mão do venture debt, como o Google, Facebook e Beyond Meat. No Brasil, o grupo de varejo online Zoom/Buscapé, já está por dentro da novidade.
Fonte: Exame