Durante evento na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, fez um alerta claro para o mundo empresarial: quem ainda não começou a se preparar para as mudanças que vêm com a reforma tributária está atrasado.
As transformações no sistema tributário brasileiro começam a ser testadas em 2026, com a implantação gradual do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), e devem entrar em vigor oficialmente em 2027. Segundo Appy, apesar dos desafios e dos custos envolvidos no processo de adaptação, os resultados serão positivos para o ambiente de negócios no país. “Vai doer. Vai ter custo dos ajustes. Vão doer as articulações, mas o resultado final será muito melhor que a situação atual”, afirmou o secretário.
Como a reforma tributária vai transformar a gestão fiscal e operacional das empresas
A reforma tributária representa uma mudança estrutural profunda, que unifica tributos federais, estaduais e municipais em um único imposto sobre o consumo, o IBS. Para as empresas, isso vai muito além da simples alteração nas alíquotas: será necessária uma revisão completa dos processos internos, atualização dos sistemas fiscais e contábeis, além de um intenso trabalho de capacitação das equipes responsáveis.
O prazo para essa adaptação é curto, o que aumenta a pressão sobre os departamentos financeiros e fiscais das organizações. Bernard Appy alerta que a falta de preparo pode gerar custos extras, riscos de não conformidade e perda de competitividade no mercado.
Em meio a esses desafios, a opinião do CEO do Grupo Studio, José Carlos Braga Monteiro, destaca a importância de uma abordagem estratégica. Segundo ele, “a reforma tributária não deve ser encarada apenas como um desafio regulatório, mas como uma oportunidade para modernizar a gestão fiscal e ampliar a eficiência operacional. Empresas que investirem em planejamento terão vantagem competitiva clara, com ganhos de transparência e simplificação.”
Um dos passos cruciais para a consolidação da reforma é a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, que regulamenta o IBS. Bernard Appy estima que o texto será aprovado em breve no Senado, definindo os detalhes finais, como a criação do Comitê Gestor do IBS, responsável por administrar e distribuir os recursos arrecadados entre União, Estados e Municípios. A expectativa é que o comitê tenha autonomia e estrutura técnica para garantir transparência e previsibilidade, superando os problemas do atual sistema tributário, conhecido por sua complexidade e disputas federativas.
Quanto à alíquota padrão do novo imposto, Appy projeta que ela ficará em torno de 28%, número considerado necessário para manter a neutralidade da carga tributária no novo modelo. Para reduzir esse percentual, será necessário reavaliar exceções e regimes especiais que permaneceram após a aprovação da reforma.
As mudanças afetarão diretamente a emissão de documentos fiscais, a definição dos créditos tributários e o tratamento dos benefícios fiscais. Por isso, as empresas precisam antecipar revisões tecnológicas, capacitações e análises detalhadas dos regimes atuais para evitar surpresas e custos inesperados.
O recado do secretário é direto: o tempo para se adequar ao novo cenário tributário está acabando. “Quem ainda não começou, já está atrasado”, reforça Bernard Appy, destacando que, apesar dos esforços exigidos, a perspectiva é de um ambiente de negócios mais simples e eficiente.
Assim, a reforma tributária não representa apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade estratégica para empresas que desejam se posicionar de forma competitiva e segura em um Brasil que avança para um sistema tributário mais moderno e transparente.
Fonte: Contábeis.
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