A necessidade de reforma tributária no Brasil é evidenciada pelos desafios enfrentados pelo sistema fiscal, como o excesso de obrigações acessórias e a complexidade na distribuição de competências tributárias, além da alta carga tributária.

Em dezembro de 2023, a Emenda Constitucional nº 132 trouxe mudanças significativas para encerrar a guerra fiscal, extinguindo a maioria dos benefícios fiscais estaduais para uniformizar a tributação e eliminar a competição desleal entre os estados.

A EC estabelece que a União definirá as alíquotas para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), enquanto estados e municípios terão essa competência para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Além disso, a tributação no destino implica que os impostos serão cobrados onde os produtos e serviços são consumidos, não mais onde as empresas estão sediadas.

Para entender o impacto dessas mudanças, é essencial analisar o histórico dos benefícios fiscais desde sua criação até o surgimento da guerra fiscal no Brasil.

Desde a década de 1950, o ICMS foi central na disputa entre estados, com reduções e isenções para atrair investimentos e aumentar as receitas estaduais.

A EC busca promover uma distribuição mais equitativa e eficiente dos recursos econômicos, substituindo os antigos benefícios fiscais por investimentos diretos em infraestrutura e outras áreas prioritárias por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR).

No entanto, alguns estados já aumentaram as alíquotas do ICMS para compensar a possível queda na arrecadação, o que pode reacender conflitos fiscais antes da plena implementação da reforma.

A reorganização logística resultante da tributação no destino está levando empresas a concentrar suas operações nas regiões Sul e Sudeste, devido à melhor infraestrutura e proximidade com os consumidores. Isso pode impactar significativamente a economia e a logística nacional, exacerbando desigualdades regionais.

Com as mudanças propostas, estados como Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais podem perder parte de sua atratividade fiscal, potencialmente redistribuindo empresas para áreas com melhores condições estruturais e mercados consumidores mais próximos, como São Paulo e Rio de Janeiro.

A reforma tributária visa modernizar e simplificar o sistema fiscal brasileiro, tornando-o mais equitativo e eficiente. Contudo, é essencial um planejamento cuidadoso para mitigar desequilíbrios econômicos regionais e garantir uma transição suave para todos os envolvidos.

Impactos nos fundos imobiliários:

O cenário para os fundos imobiliários no Brasil ganha contornos de incerteza, especialmente diante da reforma tributária que os coloca na mira de mudanças significativas.

O texto da reforma, apresentado recentemente, categoriza os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) como prestadores de serviço, o que poderia abrir caminho para a tributação das operações desses fundos, até então isentos.

Analistas alertam que a tributação pode impactar negativamente a rentabilidade dos fundos, tornando-os menos atrativos como fontes de financiamento para o setor imobiliário.

Além disso, há preocupações sobre a classificação dos gestores de FIIs como prestadores de serviço, uma vez que estes fundos são essencialmente ‘condomínios’ que reúnem o patrimônio dos investidores.

Diante do cenário de incertezas econômicas, especialmente em relação à política monetária e fiscal, os próximos meses podem ser desafiadores para os fundos imobiliários.

O comportamento da curva longa de juros continuará a influenciar significativamente o desempenho das cotas dos FIIs, tornando essencial uma gestão estratégica por parte dos investidores.

Em suma, enquanto a reforma tributária visa uma modernização necessária do sistema fiscal brasileiro, ela também introduz novas variáveis que exigem análise cuidadosa e planejamento por parte dos investidores e gestores de fundos imobiliários.

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