A Reforma Tributária, aprovada em 2023 e com implementação prevista para os próximos anos, ainda encontra resistência e falta de preparo dentro do setor contábil. Segundo a pesquisa Sondagem Omie do Setor Contábil, realizada pela plataforma de gestão Omie, 48% dos empresários contábeis no Brasil afirmam que não estão preparados para as transformações que vêm por aí.
A sondagem contou com a participação de 448 contadores de todas as regiões do país e foi desenvolvida em parceria com o Portal Contábeis, Fenacon e Sescon-SP. O estudo teve como objetivo entender o nível de prontidão dos escritórios contábeis para acompanhar uma das reformas mais relevantes da economia brasileira nas últimas décadas — e que impactará diretamente empresas de todos os portes e segmentos.
Preparo técnico e comunicação deficiente
Os dados mostram que apenas 34% dos entrevistados se consideram preparados para lidar com a Reforma Tributária, enquanto 18% afirmaram não saber como avaliar sua situação. A falta de preparo se reflete também na relação entre contadores e pequenos empreendedores: outro levantamento da Omie aponta que mais de 80% dos empresários ainda não receberam qualquer orientação de seus contadores sobre o tema.
Esse cenário é especialmente preocupante quando se observa que 70% dos pequenos negócios já esperam ser impactados pelas mudanças tributárias já em 2025. Muitos empreendedores, inclusive, estão contando com a atuação estratégica dos contadores para adaptar processos e se manterem competitivos.
Reforma Tributária exige mudança de postura no setor
Com a substituição de tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS por dois novos impostos — o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) —, a Reforma Tributária pretende simplificar a cobrança e aumentar a transparência do sistema. No entanto, para as empresas optantes pelo Simples Nacional que atuam com outras empresas (modelo B2B), o impacto pode ser mais sensível, especialmente no que diz respeito ao aproveitamento de créditos e ao aumento da carga burocrática na cadeia produtiva.
Mesmo diante de mudanças significativas, muitos profissionais da contabilidade ainda demonstram uma postura passiva. É nesse ponto que se desenha uma oportunidade de reposicionamento. Escritórios que se anteciparem às novas regras, estudarem os efeitos por setor e oferecerem orientação consultiva sairão à frente na disputa por relevância no mercado.
Para o CEO do Grupo Studio, José Carlos Braga Monteiro, esse é o momento ideal para o contador assumir protagonismo:
“A Reforma Tributária representa uma virada de chave para os escritórios contábeis. Não se trata apenas de adequar processos, mas de aproveitar o momento para entregar valor estratégico ao cliente. Quem entender isso agora, terá um diferencial competitivo imenso nos próximos anos.”
A fala vai ao encontro da movimentação que já ocorre entre grandes grupos de assessoria empresarial, que enxergam nas mudanças uma chance de consolidar soluções integradas, com foco em performance, compliance e redução de custos — temas cada vez mais valorizados por empresas em busca de segurança e escalabilidade.
Setor contábil e a necessidade de atualização contínua
A velocidade com que a Reforma Tributária avança no Congresso e as diretrizes já publicadas para regulamentação demonstram que a contabilidade brasileira precisará se atualizar rapidamente. Softwares, processos internos, equipes e até o relacionamento com o cliente terão que ser adaptados para uma nova realidade fiscal.
Enquanto boa parte do setor ainda opera de maneira reativa, há um grupo crescente de empresas contábeis que tem se reposicionado como consultoras estratégicas, usando a reforma como ponto de partida para gerar valor e fidelização.
A Reforma Tributária, mais do que uma mudança de legislação, pode ser o gatilho para uma transformação cultural dentro do setor contábil — onde o conhecimento técnico, aliado à visão de negócio, deixará de ser um diferencial para se tornar um requisito básico de sobrevivência.
Fonte: Contábeis e Omie
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