Categoria(s) do post: Energia | Geral

A consultoria PSR apresentou um balanço estrutural que mostra que até 2024 o Brasil não precisa de energia nova no sistema, mesmo com a recuperação da economia no chamado “em V”, ou seja, com rápido crescimento depois dos efeitos da pandemia. Nas situações avaliadas, se o consumo apresentar essa performance alcançará 80,5 GW médios no último ano do horizonte estudado, diante de uma oferta contratável de 85,4 GW médios e mais 3,8 GW médios em energia de reserva, nesse cenário a sobreoferta é de 11%.

Esse é o mesmo índice estimado para 2023. Nos anos seguintes a sobra é ainda maior, de 15% em 2022, 17% em 2021 e de 23% neste ano. Já no caso base pós pandemia, a visão da PSR é de que em 2024 a demanda esteja em 77,3 GW médios elevando a sobreoferta a 15%.

Na avaliação que foi apresentada na segunda-feira, 27, em webinar feito para discutir leilão de potência, a consultoria afirma que mesmo ajustando a garantia física não  preciso contratar energia de reserva sob o ponto de vista energético.

Segundo a PSR, discutir a contratação de potência é uma questão relevante em decorrência do aumento da intermitência do sistema. Não apenas pelas fontes eólica e solar, mas inclui nessa conta o avanço das UHEs sem reservatórios com capacidade de regularização. Gabriel Clemente, consultor da PSR, lembrou o caso da UHE Belo Monte (11.233 MW, PA) cuja diferença entre a produção no período seco e úmido chega a 25 vezes.

Uma adversidade encontrada pela consultoria é o fato de que o modo como o país contrata energia pode elevar a um aumento na sobreoferta, uma vez que 100% do consumo deve estar coberto e todos os contratos devem estar lastreados por ativos físicos. Por isso, a questão do avanço da modernização do setor elétrico por meio do PLS 232 é importante, pois ali está a previsão da separação entre o lastro e a energia.

Perante o aumento da complexidade de operação, define a PSR, é necessário o aumento da flexibilidade operativa do sistema. Um sintoma é necessidade indicada pelo PDE 2029 ara a necessidade da contratação de potência a partir de 2024.

Na versão atual do Plano Decenal, a indicação é de 13 GW, mas que deverá ser revisado, conforme comentou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Thiago Barra. O motivo dessa reavaliação é a redução da projeção de carga apresentada na revisão quadrimestral desse período.

Para termos essa contratação, defende a consultoria, seria necessária a adoção de um mecanismo de garantia de suprimento de potência. Nesse sentido, a depender do comportamento da economia e o resultado dos leilões de energia existente A-4 e A-5 serão chave para  a tomada da decisão. Um caminho para a transição desses mecanismos poderia se dar pelo leilão de energia de reserva para contratar essa potência.

O diretor técnico da PSR, Bernardo Bezerra, apresentou algumas experiências internacionais que poderiam ser aplicadas localmente. No México, por exemplo há PPAs de longo prazo, outros países com contratos de um a três anos. Agora, uma preocupação é a de que o custos são jogados para o ACR, mas este é um problema sistêmico, não apenas de um ambiente específico de comercialização.

Em geral a visão da PSR é de que dentro das alternativas possíveis para a contratação de potência, as que mais podem ser viáveis no cenário de sobreoferta são aquelas despacháveis. Entre as opções listadas estão as UHEs reversíveis, baterias e resposta da demanda, pois não agregam energia no sistema e sim muda a hora que essa potência pode estar disponível.

Fonte: Canal Energia