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Segundo a Boa Vista, os pedidos de recuperação judicial aumentaram 68,6% de abril para maio e as falências requeridas subiram 30%. A consultoria Pantalica Partners prevê que pelo menos 3 mil companhias deverão pedir recuperação judicial, se confirmada uma queda de 6% do PIB em 2020. O número é bem maior ao recorde de 1.863 empresas que solicitaram proteção contra credores na Justiça na recessão de 2016.

Porém, existe um esforço por parte das instituições financeiras e fornecedores para postergar os vencimentos. A taxa Selic na mínima histórica de 3% ao ano é outro fator que pode contribuir para manter parte das renegociações com credores longe dos tribunais.

A onde inicial atinge especialmente empresas que já enfrentavam dificuldade, dado o aumento econômico pífio dos últimos anos. Portanto, os indícios da crise se fazem notar pela importância de empresas pequenas (94,8%) e do setor de serviços (55,6%) nos pedidos de recuperação judicial captados pela Boa Vista.

Para Flávio Calife, economista-chefe da Boa Vista, os setores de serviços já enfrentavam dificuldades antes da pandemia. “Há duas razões para isso: o represamento de solicitações devido às medidas de isolamento social e o intervalo que ocorre entre a crise bater e o empresário dar um passo drástico”, comenta.

Durante o mês abril, os birôs de crédito estenderam  de 10 para 45 dias de atraso o prazo para realizar a negativação de inadimplentes em seus cadastros, como maneira de fomentar as renegociações entre as partes.

Por sua vez, os bancos abriram a possibilidade de adiar contratos de crédito de clientes que estavam com os pagamentos em dia.

A possibilidade de o Banco Central (BC) adquirir títulos privados é uma iniciativa que vai na direção correta, mas, terá efeito limitado para melhorar a vida das empresas. As pequenas empresas não tem acesso ao mercado de capitais no Brasil e as duplicatas que emitem encontram hoje baixa aceitação – que deve mudar com a nova regra de títulos eletrônicos.

Fonte de outro banco comenta que os casos de recuperação judicial que apareceram até agora são de empresas que já estavam com dificuldade antes da pandemia e se concentram em companhias com faturamento anual menor que R$ 1 bilhão.

A experiência de alguns anos atrás deve influenciar os novos processos. Na visão de um executivo da área de atacada de um grande banco, desta vez tende a haver maior disposição das instituições financeiras em renegociar dívidas fora da esfera judicial. “O momento é crítico, mas as condições mudaram. Estamos sentando com mais gestores para conversar”, afirma o executivo.

O sócio da RK Partners, Ricardo Knoefelmacher, acredita que as grandes companhias estão pedindo prorrogação dos contratos antes de recorrer a medidas “mais fortes”. Porém, avalia que, no geral, os pedidos de recuperação judicial vão crescer muito daqui para frente.

Fonte: Valor Econômico