Uma frente composta por quatro associações setoriais foi criada para buscar soluções destinadas à ampliação do aproveitamento energético dos resíduos sólidos no país.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o avanço da geração de energia a partir dos resíduos depende da erradicação dos lixões e sua substituição por aterros sanitários. Aproximadamente 41% dos resíduos coletados no Brasil ainda seguem sendo direcionadas para instalações inadequadas, onde se torna inviável o aproveitamento para geração de energia.
A frente defende o fechamento de 3 mil lixões e o investimento público e privado em aterros sanitários regionais, que atendam a municípios vizinhos.
Fazem parte da frente o Acordo de Cooperação para Recuperação Energética de Resíduos a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a Associação Brasileira de Empresas Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Segundo informações da frente empresarial, os 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidos anualmente pelo Brasil têm potencial para gerar energia elétrica suficiente para abastecer o estado de Pernambuco, o que representa 3% do consumo nacional de eletricidade.
Carlos Silva Filho, diretor-presidente da associação, comenta que a frente busca a superação de questões regulatórias e de compartilhamento de tecnologia, para aumentar a segurança jurídica e econômica do setor e possibilitar que ele cresça após a pandemia.
Para o presidente da Abetre, Luiz Gonzaga, as dificuldades econômicas trazidas pela pandemia vão exigir maior participação do setor privado nos cerca de R$ 15 bilhões em investimentos que o setor vai requerer nos próximos 10 anos para promover a recuperação energética dos resíduos.
Cerca de metade desses resíduos sólidos urbanos é de lixo orgânico, o que também pode ser aproveitado para a produção de biogás. Segundo a ABiogás, 80% desse combustível no país já são produzidos em estações de tratamento de esgoto e aterros sanitários, apesar de apenas metade dos resíduos orgânicos terem esses aterros regulares como destino final.
O presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, avalia que o Brasil é o país do mundo com maior potencial para a produção do combustível, uma vez que, além dos resíduos urbanos, há os gerados pela agroindústria.
Signatária do acordo, a indústria do cimento busca aumentar a utilização dos resíduos para a geração da energia que alimenta os fornos de suas unidades.
Presidente da ABCP, Paulo Camillo Penna afirma que o setor já enfrenta um cenário de crise desde 2014 e acredita que investimentos em tecnologia podem atenuar os impactos das dificuldades econômicas. “Não se trata de vantagens específicas de um ou outro setor, mas de uma geração de valor que vai beneficiar a sociedade”, afirma ele.
Fonte: Money Times