Na última quinta-feira 15/08, a taxa Selic esteve no centro das discussões da mesa redonda promovida pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em parceria com a Gazeta do Povo, que debateu os efeitos dos gastos públicos sobre a economia.

O evento contou com a presença de figuras notáveis como o ex-presidente Michel Temer, o economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, e o presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo (MBC), Jorge Gerdau Johannpeter.

Os especialistas presentes enfatizaram que a manutenção do equilíbrio fiscal é crucial para assegurar uma política de juros que favoreça o setor produtivo nacional.

Na mesa redonda, mediada pela jornalista Thais Herédia, abordou como a falta de controle nos gastos públicos exacerba a necessidade de financiamento por parte do Estado, o que, por sua vez, impacta diretamente a taxa básica de juros. Os debatedores também examinaram como uma Selic alta pode restringir o acesso ao crédito necessário para investimentos produtivos.

Na abertura do evento, Edson Vasconcelos, presidente do Sistema Fiep, ressaltou a relevância do tema para a indústria. Ele destacou a importância do crédito para a operação das indústrias e para o avanço tecnológico do setor. “Realizamos esta mesa redonda para promover uma discussão técnica sobre a taxa Selic, dado que o debate atual está excessivamente ideológico e polarizado.

O país precisa encontrar soluções para uma taxa de juros que possa impulsionar a competitividade da indústria nacional”, afirmou.

Para ilustrar o impacto do custo do capital na economia brasileira, Jorge Gerdau Johannpeter apresentou dados de um estudo do MBC sobre o chamado Custo Brasil. Segundo o estudo, o setor produtivo brasileiro gasta anualmente cerca de R$ 1,7 trilhão a mais do que países desenvolvidos para operar, o que corresponde a 19,5% do PIB brasileiro em 2021.

Os custos de financiamento dos negócios variam entre R$ 220 bilhões e R$ 260 bilhões, considerando fatores como oferta de capital, custo do crédito e risco-país.

Gerdau observou: “A gestão do custo do dinheiro é crucial para a atividade empresarial no Brasil. Os juros altos são um limitador significativo para a competitividade do país, especialmente para as pequenas empresas, que enfrentam custos de crédito mais elevados.

Sem pressão empresarial e política, esses números não vão mudar:

Michel Temer também abordou a importância da pressão política para a formulação de políticas de longo prazo que visem a redução permanente da taxa de juros. “A mobilização da classe política é essencial. Quando federações industriais se manifestam, isso pode mobilizar o Congresso, que é muito sensível às reações da sociedade”, disse ele.

Temer destacou a relevância do teto de gastos, introduzido durante seu governo, como uma medida para garantir previsibilidade fiscal. “O atual arcabouço fiscal permite um aumento de até 2,5% da receita líquida, o que é importante para evitar gastos excessivos.

Reduzir o gasto público é crucial para diminuir a dívida pública”, afirmou. Ele também mencionou a importância de reformas, como a Reforma Administrativa e Tributária, para diminuir o Custo Brasil e melhorar o ambiente de negócios.

Mansueto Almeida comentou que a sociedade brasileira está cada vez mais ciente da relação entre gastos públicos e taxa de juros. “Debates como este são fundamentais para a compreensão dos desafios e problemas do Brasil”, afirmou.

Almeida ressaltou que para alcançar taxas de juros mais baixas, é essencial buscar um maior equilíbrio fiscal. “Não há como obter taxas de juros reduzidas sem um ajuste fiscal consistente e sem a perspectiva de que a dívida pública começará a diminuir”, explicou. “Reformas adicionais são necessárias para garantir a responsabilidade fiscal e alcançar taxas de juros permanentemente mais baixas.

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