A seca no Brasil, aliada ao aumento da demanda por energia elétrica, resultou em uma alta expressiva dos preços dos contratos negociados no mercado livre de energia. Em setembro, os preços subiram mais de 90% em relação ao fechamento de agosto, de acordo com dados do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), conforme antecipado pela Reuters.
Nos últimos meses, o trading de energia elétrica se intensificou, impulsionado pelas incertezas relacionadas à hidrologia e pela transição para o período chuvoso. Esse cenário fez com que o volume financeiro das negociações atingisse um recorde anual de R$ 72,2 bilhões no acumulado de janeiro a setembro de 2024.
A BBCE, principal plataforma de negociação de contratos de energia no Brasil, encerrou o mês de setembro com um total de 41,9 mil gigawatts-hora (GWh) transacionados, representando um aumento de 65,4% em comparação ao mesmo período de 2023, quando o mercado estava mais estável devido a condições hidrológicas mais favoráveis.
Em setembro, o grande destaque foi o aumento acentuado nos preços dos contratos de energia com vencimento ainda em 2024. O contrato de energia convencional para entrega no submercado Sudeste/Centro-Oeste nos meses de outubro a dezembro apresentou uma alta de 93,6%, passando de R$ 229,92 por megawatt-hora (MWh) no final de agosto para R$ 445/MWh no fechamento de setembro.
Outros contratos de curto prazo também registraram aumentos expressivos. O ativo para outubro no mesmo submercado teve um aumento de 49,3%, com preço médio de R$ 559,38/MWh, alcançando o pico de R$ 630/MWh em 26 de setembro – o maior valor registrado na última década.
Com o aumento nos preços, o volume de negócios da BBCE em setembro totalizou R$ 11,3 bilhões, o que representa uma alta de 423,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior e um crescimento de 7,6% frente a agosto de 2024.
A intensificação da seca no Brasil, especialmente na região Norte, tem afetado significativamente a capacidade das grandes usinas hidrelétricas de gerarem energia. Como resultado, houve um aumento no acionamento de termelétricas, o que elevou o custo da energia para os consumidores, com o acionamento das bandeiras tarifárias mais caras.
De acordo com Eduardo Rossetti, diretor de Produtos, Comunicação e Marketing da BBCE, a expectativa é que a tendência de alta no trading de energia se mantenha em outubro, considerando as projeções de afluências abaixo da média histórica.
Perspectivas para o mercado livre de energia
Este ano tem sido histórico para o mercado livre de energia. A plataforma da BBCE registrou um volume financeiro acumulado de R$ 72,2 bilhões até setembro, superando os valores de 2023 e 2022 e até mesmo os R$ 54 bilhões contabilizados em 2021, durante a última crise hídrica.
Um dos fatores que explicam esse aumento no volume financeiro é o crescimento do giro de mercado, ou seja, a frequência com que a energia é negociada. Em 2024, o giro atingiu 5,8 vezes o volume consumido no mercado livre, acima da média de 4 a 5 vezes dos últimos anos.
Além disso, a migração de novos consumidores para o mercado livre a partir de janeiro deste ano também tem contribuído para o aumento da atividade. Embora esses consumidores tenham cargas menores, eles elevam a demanda por ajustes de portfólios por geradores e comercializadores.
Outro ponto importante é o aumento das negociações de contratos de longo prazo. A BBCE registrou transações para fornecimento de energia até 2034, com volumes significativos para 2025 e 2026.
O mercado livre de energia no Brasil tem enfrentado um cenário desafiador, com preços em alta devido à seca e à maior volatilidade do setor. Entretanto, o crescimento das negociações e o aumento no volume financeiro indicam que o mercado está se ajustando rapidamente às novas realidades, com perspectivas de continuidade desse movimento nos próximos meses. Para consumidores e empresas, é essencial acompanhar de perto essas tendências para otimizar suas estratégias de consumo e contratação de energia.
Fonte: Info Money.
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