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Uma tendência em crescimento no setor elétrico brasileiro é a união entre o mercado livre de energia e a geração distribuída (GD). Empresas que operam no mercado livre estão expandindo para o segmento de geração distribuída, visando se aproximar de consumidores menores, como residenciais, antecipando-se à abertura total do mercado livre prevista para a próxima década.

Essa estratégia permite às empresas aprender a se comunicar melhor com futuros potenciais clientes, ganhando experiência e posicionando suas marcas de forma competitiva.

Disputa por consumidores menores

Com a abertura completa do mercado livre de energia, a expectativa é que ele se torne um concorrente direto da geração distribuída na busca por consumidores de menor porte. Atualmente, a GD está disponível a todos, sem exigência de consumo mínimo, atraindo clientes interessados em economizar, mas que ainda não têm a demanda necessária para o mercado livre.

Na GD, o consumidor pode gerar sua própria energia, geralmente através de painéis solares fotovoltaicos. Há também a geração distribuída compartilhada, onde os consumidores pagam uma assinatura e utilizam créditos de energia gerados por uma usina próxima.

O crescimento dessa modalidade foi impulsionado pela queda nos custos dos painéis solares. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil contava com 2,7 milhões de sistemas de geração distribuída instalados em julho de 2024. No mesmo mês, 48 mil consumidores estavam no mercado livre ou em processo de transição, de acordo com a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

Concorrência saudável para o consumidor

Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), acredita que a concorrência entre mercado livre e geração distribuída será benéfica para o consumidor, promovendo mais opções e potencial redução de tarifas. “Quando o consumidor puder escolher entre o mercado livre, GD ou produzir sua própria energia, haverá chances reais de redução nas tarifas”, afirma.

Ele também ressalta que o Brasil tem 93 milhões de unidades consumidoras, o que abre espaço para a coexistência de diferentes modelos. Um exemplo disso é a combinação de GD com contratos no mercado livre, onde o consumidor pode gerar parte da energia e contratar o restante.

Desafios e oportunidades do mercado livre de energia

Para que a abertura do mercado livre de energia seja bem-sucedida, será fundamental manter a estabilidade regulatória e o respeito aos contratos. Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar, acredita que essa transformação trará novas oportunidades de negócios e amadurecimento do setor. Ele enfatiza que, embora haja competição, a demanda por energia continuará crescendo, permitindo que as tecnologias solares fotovoltaicas prosperem em ambos os mercados.

A competitividade futura entre os dois modelos dependerá dos avanços tecnológicos. Tarcísio Neves, CEO da Evolua, acredita que, com o tempo, a simplicidade do mercado livre pode se destacar. A GD, que inicialmente abriu os olhos dos consumidores para novas possibilidades, pode perder espaço à medida que o mercado livre se torne mais acessível e flexível.

Fatores como o custo dos painéis solares, incentivos estaduais e o comportamento dos preços de energia também influenciarão essa competição. Eduardo Miranda, sócio-fundador da comercializadora Tyr, destaca que a GD cresceu em grande parte devido aos incentivos fiscais e que o futuro da modalidade depende de como esses incentivos evoluirão.

Ivo O. Pitanguy, CEO da Nextron, acredita que ambos os modelos coexistirão, mas ainda é cedo para prever como o mercado vai se ajustar.

Fonte: Eixos.

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