A inflação continua sendo um dos principais desafios econômicos do Brasil em 2024. Analistas do mercado financeiro, consultados pelo Banco Central, revisaram para cima, pela sexta semana consecutiva, suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 18, o IPCA deve encerrar o ano em 4,64%, ligeiramente acima da estimativa de 4,62% da semana anterior.
Além disso, a inflação esperada para 2025 também foi ajustada, subindo de 4,10% para 4,12%. Essa elevação reflete a persistente pressão inflacionária e a desancoragem das expectativas, fatores que têm preocupado investidores e o Banco Central.
A taxa Selic, principal instrumento de controle da inflação no país, também segue no radar. Na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic foi elevada em 0,5 ponto percentual, atingindo 11,25%. O mercado já projeta novas altas, com a taxa chegando a 11,75% até o final do ano e alcançando 12% em 2025.
Essa estratégia visa conter a inflação, que continua acima da meta estipulada pelo governo, de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%. A desancoragem inflacionária, ou seja, a falta de confiança de que o Banco Central atingirá suas metas no médio prazo, é apontada como um dos principais fatores por trás do aumento nas taxas de juros.
Contexto econômico
No cenário interno, investidores aguardam ansiosamente o detalhamento do pacote de cortes de gastos prometido pelo governo federal. A medida é crucial para garantir a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal e conter o avanço da inflação. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, todas as medidas de ajuste já foram definidas pelo presidente Lula. Contudo, o Ministério da Defesa ainda precisa finalizar suas avaliações antes de anunciar os cortes definitivos em sua área.
No cenário externo, a valorização do dólar é mais um fator que intensifica a pressão inflacionária. O Boletim Focus desta semana prevê a moeda americana cotada a R$ 5,60 ao final de 2024, um aumento em relação aos R$ 5,55 projetados na semana anterior. Apesar de ser um leve ajuste, a projeção é inferior ao valor atual do dólar, que está na faixa de R$ 5,80.
Além disso, o mercado aguarda o desfecho da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro. O evento é considerado estratégico para definir o papel do Brasil no cenário econômico global, especialmente em um contexto de inflação e juros elevados.
PIB e inflação: impactos no crescimento
Outro elemento que influencia a inflação é o crescimento da atividade econômica. Segundo o Boletim Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 3,10% em 2024, mantendo a mesma estimativa da semana passada. No entanto, essa projeção está levemente abaixo do esperado pelo governo federal, que calcula um avanço de 3,2%.
O aquecimento econômico, embora positivo em termos de geração de emprego e renda, também contribui para a pressão inflacionária. Isso ocorre porque o aumento na demanda pode levar a uma escalada nos preços, especialmente em setores que enfrentam restrições na
A inflação elevada afeta diretamente o poder de compra das famílias brasileiras, tornando mais difícil manter o orçamento equilibrado. Com o aumento dos juros, o custo do crédito também sobe, dificultando investimentos e consumo, fatores essenciais para o crescimento econômico sustentável.
Por outro lado, medidas de ajuste fiscal e controle inflacionário são fundamentais para garantir a estabilidade econômica no longo prazo. O desafio do governo e do Banco Central é equilibrar essas ações de forma a conter a inflação sem prejudicar o crescimento econômico.
A inflação é, sem dúvida, um tema central no cenário econômico brasileiro em 2024 e 2025. Com projeções crescentes e juros em alta, o mercado permanece atento às políticas do Banco Central e às ações do governo federal. Resta saber como essas medidas influenciarão o equilíbrio entre crescimento econômico e controle inflacionário nos próximos anos.
Fonte: Veja.
Quer se manter atualizado? Acompanhe o Morning Call, nosso boletim diário transmitido ao vivo pelo Instagram e YouTube do Grupo Studio, de segunda a sexta-feira, às 9h.