A seca e as queimadas estão afetando gravemente o agronegócio brasileiro, especialmente nas regiões produtoras. Desde agosto, o Sul, Sudeste e Centro-Oeste enfrentam uma estiagem severa. Embora algumas áreas tenham recebido chuvas recentes, elas não foram suficientes para mitigar os danos. No Sudeste, entre 23 de agosto e 10 de setembro, o estado de São Paulo registrou mais de 3 mil focos de incêndio, devastando 181 mil hectares de cana-de-açúcar e resultando em perdas estimadas em R$ 1,2 bilhão.
A produção de cana, já prejudicada pela seca no Centro-Sul em 2022, volta a enfrentar desafios. O ano passado marcou o pior déficit hídrico em 25 anos, e as geadas de junho e julho comprometeram ainda mais as lavouras.
Com a diminuição da produção de cana, há uma queda na oferta de etanol, açúcar e energia nas usinas. Segundo Haroldo Torres, economista da PECEGE Consultoria, essa situação não só afeta os preços do açúcar, que já estão em alta, mas também impacta diretamente a renda dos produtores.
Em Minas Gerais, a seca já dura 150 dias, impactando a florada do café — fase crítica para a safra. O Brasil, maior produtor mundial de café, colheu 55 milhões de sacas na safra 2023/2024, mas as condições climáticas preocupam os produtores.
Seca e preços em alta ameaçam safra 2025:
Luiz Fernando Reis, da Cooxupé, alerta que o potencial produtivo da safra 2025 está comprometido. Com o aumento dos preços, que já subiram 17,65% nas gôndolas, os produtores enfrentam uma dicotomia entre ganhos temporários e produção reduzida.
No Sul do Brasil, a previsão de chuvas pode trazer alívio para os plantios de soja, que começam em 1º de outubro. No entanto, a falta de água já atrasa as semeaduras em algumas regiões. Em Mato Grosso, o principal produtor de soja, os agricultores permanecem cautelosos enquanto se preparam para o cultivo.
Os preços do milho também estão em alta, com uma valorização de 4,8% em setembro, refletindo a preocupação com as condições climáticas e a crescente demanda interna e externa.
O cenário atual do agronegócio brasileiro é complexo, com os impactos da seca e das queimadas sendo sentidos em diversas culturas. Enquanto a expectativa de chuvas traz esperança, os desafios climáticos e econômicos ainda exigem atenção e adaptação por parte dos produtores. O futuro do agronegócio no Brasil depende de uma gestão eficiente e estratégias que considerem as variáveis climáticas em constante mudança.
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Fonte: Revista Exame