As tecnologias de energia renovável, especialmente a energia solar, devem continuar competitivas nos Estados Unidos nos próximos anos, mesmo com as incertezas trazidas pela eleição de Donald Trump. Essa é a conclusão do último relatório divulgado pela Wood Mackenzie, uma renomada empresa de análise de mercado de energia.
De acordo com David Brown, diretor de prática de transição energética da Wood Mackenzie, a demanda por energia solar fotovoltaica nos Estados Unidos não sofrerá mudanças significativas no curto prazo devido ao novo governo. Em uma publicação no site da empresa, ele destacou:
“É provável que os EUA adotem padrões mais leves de regulamentações de emissões, políticas comerciais protecionistas e se retirem do Acordo de Paris, afastando o país da meta de emissões líquidas zero.”
Apesar dessas tendências, Brown avalia que o apoio bipartidário à Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), as vantagens econômicas da energia renovável e as metas de sustentabilidade do setor privado continuarão a impulsionar a transição energética no país.
O papel da Lei de Redução da Inflação e os desafios
A Lei de Redução da Inflação, aprovada pelo Congresso, tem sido um pilar para o avanço da energia solar nos Estados Unidos, garantindo mais de US$ 220 bilhões em investimentos no setor. Mesmo com algumas críticas e propostas de revisão por parte de aliados de Trump, 18 congressistas republicanos já se posicionaram contra a revogação total do IRA.
David Brown reforça que, embora alterações pontuais na legislação sejam possíveis, é improvável que a lei seja completamente revogada. Ele aponta que, mesmo sob um cenário adverso, a capacidade de energias renováveis no país deve crescer mais de 240 GW entre 2024 e 2030.
No entanto, o relatório da Wood Mackenzie também sinaliza uma possível desaceleração nos investimentos, causada principalmente por desafios como gargalos na conexão à rede elétrica e na transmissão de energia.
Energia solar e a revolução dos data centers
A crescente digitalização global pode trazer um impacto positivo inesperado para o setor de energia solar. Empresas como Meta, Google e Amazon têm assinado acordos de longo prazo com grandes desenvolvedores solares nos EUA para alimentar seus data centers.
Segundo a Wood Mackenzie, mais de 51 GW em novos projetos de data centers foram anunciados desde 2023. Esses contratos corporativos reforçam a demanda por energia limpa, garantindo que a energia solar continue desempenhando um papel central na matriz energética do país.
Projeções e perspectivas
Embora a administração Trump possa adotar políticas menos favoráveis às energias renováveis, o pipeline de projetos de energia solar contratados nos Estados Unidos permanece robusto, com quase 100 GW em desenvolvimento.
“Uma administração Trump não mudará isso no curto prazo”, afirma Brown. Ele espera um crescimento consistente nas instalações solares, mesmo com obstáculos como a limitação de infraestrutura elétrica e a possível nomeação de figuras-chave no setor energético alinhadas ao petróleo e gás.
A nomeação de Chris Wright, CEO da Liberty Energy, como Secretário de Energia, é um exemplo dessas mudanças. Wright traz uma forte ligação com o setor de petróleo, o que pode influenciar o papel do Departamento de Energia na transição energética.
Embora o governo de Donald Trump traga incertezas para a política ambiental dos Estados Unidos, fatores como o apoio à Lei de Redução da Inflação, contratos corporativos e a competitividade econômica da energia solar sustentam perspectivas positivas para o setor.
A transição energética americana deve enfrentar desafios, mas o compromisso do setor privado e o avanço das tecnologias de energia renovável garantem que a energia solar continue desempenhando um papel vital no futuro energético do país.
Fonte: Canal Solar.
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