Segundo análise da Hedgepoint Global Markets, empresa especializada em gestão de risco e inteligência de mercado, as eleições americanas têm um papel crucial no futuro do mercado agrícola global, impactando diretamente o setor agrícola brasileiro. As decisões do próximo presidente dos Estados Unidos em temas como comércio, regulação e sustentabilidade serão observadas de perto pelos produtores brasileiros de commodities, que podem se beneficiar ou enfrentar desafios de acordo com as novas políticas adotadas.
Chris Trant, chefe do Departamento de Agricultura da Hedgepoint, ressalta que “a corrida presidencial nos EUA influencia diretamente a economia global, afetando profundamente a agricultura e o mercado de commodities”. O próximo presidente poderá moldar políticas que afetam o comércio internacional e a segurança alimentar, com reflexos significativos para os exportadores brasileiros. Assim, as eleições americanas tornam-se um evento de grande relevância para o setor agrícola do Brasil, com potencial de abrir ou fechar portas para o mercado brasileiro.
Eleições americanas e as perspectivas para o mercado agrícola no Brasil
As eleições americanas colocam em disputa duas visões governamentais: a linha protecionista de Donald Trump e a linha sustentável de Kamala Harris, ambas com efeitos diferentes sobre o mercado agrícola brasileiro. Cada abordagem pode impactar as exportações brasileiras e o papel do Brasil como fornecedor de produtos agrícolas para o mercado mundial.
Caso Donald Trump seja reeleito, há uma expectativa de continuidade das políticas protecionistas e de desregulamentação que caracterizaram sua gestão anterior. Em 2018, Trump iniciou uma guerra comercial com a China, o que levou a uma redução drástica nas exportações de soja dos EUA para o mercado chinês. Essa situação beneficiou os produtores brasileiros, que assumiram a posição de principais fornecedores de soja para a China. Trant explica que, caso Trump mantenha uma postura protecionista e renovem-se as tensões comerciais com a China, o Brasil poderia mais uma vez aproveitar a oportunidade para expandir sua participação no mercado chinês.
Além das políticas comerciais, Trump também propõe reduzir os custos energéticos e flexibilizar regulamentações ambientais, priorizando a produção interna e reduzindo as importações. Esse cenário pode reduzir a competitividade dos produtos agrícolas americanos, criando espaço para que o Brasil continue a expandir suas exportações de soja e outras commodities para diferentes mercados.
Em contrapartida, Kamala Harris representa uma visão de governo que dá continuidade às políticas sustentáveis da administração Biden, com um foco especial em energias renováveis. O aumento do uso de óleo de soja para biocombustíveis é uma tendência que Harris provavelmente aprofundaria, o que poderia gerar uma maior demanda interna de soja nos EUA e, assim, diminuir a oferta americana no mercado global. Trant destaca que as políticas de Harris “podem impulsionar a demanda interna nos EUA, o que poderia abrir ainda mais oportunidades para as exportações de soja do Brasil”.
Para o Brasil, as eleições americanas não são apenas um evento político, mas uma oportunidade estratégica de posicionamento no mercado agrícola global. Se Trump for reeleito e adotar políticas protecionistas, o Brasil pode ver uma oportunidade de fortalecer seus laços comerciais com a China e outros grandes consumidores de commodities. Por outro lado, uma vitória de Kamala Harris e uma possível ampliação das políticas ambientais nos EUA poderiam reduzir a competitividade de alguns produtos agrícolas americanos, beneficiando diretamente os exportadores brasileiros.
No cenário de sustentabilidade proposto por Harris, o Brasil também tem a chance de destacar sua produção sustentável e o papel de liderança em energias renováveis. Enquanto o governo dos EUA priorizaria o biocombustível e práticas sustentáveis, o Brasil poderia capitalizar com uma oferta de produtos que seguem diretrizes de sustentabilidade e expandir sua presença no mercado mundial, especialmente em commodities agrícolas como a soja.
Em resumo, as eleições americanas são um fator determinante para o agronegócio brasileiro. Com o potencial de influenciar políticas de comércio e sustentabilidade nos Estados Unidos, os resultados das eleições trarão efeitos para o mercado agrícola global. Agricultores e produtores de commodities no Brasil devem acompanhar atentamente os desdobramentos e avaliar as oportunidades que surgirão, tanto em termos de expansão de exportações quanto em posicionamento estratégico no mercado internacional.
Fonte: Agrolink.
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