O dólar segue operando em alta nesta quarta-feira, 30, refletindo a cautela do mercado com o risco fiscal no Brasil. A recente declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que ainda não há previsão para a divulgação de um novo pacote de corte de gastos reforçou a apreensão dos investidores.
Além da questão fiscal, o mercado também está atento a dados econômicos internacionais, especialmente ao Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Na primeira estimativa para o terceiro trimestre, o PIB americano apresentou crescimento de 2,8%, ligeiramente abaixo das expectativas de alta de 3,0%.
Por outro lado, dados do mercado de trabalho dos EUA trouxeram uma surpresa: a criação de novas vagas superou as previsões, indicando um setor de empregos aquecido. Isso intensifica as incertezas sobre as próximas decisões do Federal Reserve (Fed) em relação à taxa de juros, influenciando o valor do dólar.
Às 09h35, o dólar registrava alta de 0,40%, sendo cotado a R$ 5,7839. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7889, reforçando a tendência de valorização. No dia anterior, a moeda já havia subido 0,92%, fechando a R$ 5,7610, o maior patamar desde 30 de março de 2021, quando atingiu R$ 5,7613. Ao longo desta semana, o dólar acumulou alta de 0,99%, subiu 5,77% no mês e registrou um ganho anual de 18,72%.
Dólar em alta: principais fatores por trás do movimento no mercado
O que está realmente impulsionando o mercado e influenciando a alta do dólar? Abaixo, alguns dos principais fatores que estão mexendo com os mercados financeiros:
Crescimento do PIB americano: Apesar do PIB dos Estados Unidos ter ficado levemente abaixo do esperado, o resultado ainda revela um crescimento robusto da economia americana. Esse fator ajuda a sustentar o valor do dólar.
Aquisição de vagas de emprego: O relatório ADP, divulgado na quarta-feira, trouxe dados acima das expectativas, com 233 mil novas vagas criadas em outubro, superando as 159 mil de setembro e ultrapassando a previsão do mercado de 110 mil novas vagas. Esse aquecimento no mercado de trabalho reforça a probabilidade de que o Fed tome medidas para controlar a inflação, o que pode impactar diretamente o valor do dólar.
Risco fiscal no Brasil: No cenário doméstico, o mercado segue atento às questões fiscais brasileiras. Nas últimas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu que o governo poderia anunciar novas medidas estruturais para reduzir os gastos públicos. Entretanto, na terça-feira, 29, Haddad afirmou que ainda não há uma previsão para a divulgação do novo pacote de corte de despesas públicas.
A expectativa do mercado é que, para ser considerado efetivo, o novo pacote fiscal indique cortes entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões nos gastos, representando aproximadamente 0,5% do PIB brasileiro. Contudo, sem uma definição concreta, o mercado segue em alerta, o que aumenta a pressão sobre o dólar.
Pressão por medidas econômicas: A equipe econômica brasileira tem sido pressionada a implementar medidas de controle de despesas, uma questão frequentemente levantada pelo Banco Central como elemento fundamental para a política monetária. Na segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, para que o Brasil mantenha juros baixos no longo prazo, será necessário adotar medidas que promovam um choque fiscal positivo.
Tendências e expectativas para o dólar no mercado financeiro
Com o dólar em alta, o impacto pode ser sentido em várias esferas da economia brasileira, desde o custo das importações até os preços de produtos e serviços. Analistas aguardam novas declarações e ações do governo para direcionar a política fiscal e atenuar o impacto das incertezas no câmbio.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, começou a operar às 10h. No fechamento do dia anterior, o índice recuou 0,37%, para 130.730 pontos. Esse movimento de queda reflete as incertezas atuais, enquanto o dólar mantém seu padrão de alta em resposta ao cenário fiscal e aos dados internacionais.
Concluindo, a combinação de fatores econômicos internos e externos influencia diretamente a cotação do dólar e, consequentemente, impacta tanto o mercado financeiro quanto o consumo no Brasil. As próximas movimentações do Federal Reserve e o pacote fiscal do governo brasileiro são os elementos chave a serem observados para prever as tendências do dólar.
Fonte: G1.
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