Essa decisão, tomada na última quarta-feira (19), alinhou-se com as expectativas do mercado, porém reflete uma revisão para cima nas projeções de juros para 2024 em comparação ao início do ano.
Após uma sequência de sete reduções consecutivas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil optou por pausar a diminuição da taxa básica de juros, a Selic, mantendo-a em 10,50% ao ano.
Os economistas consultados apontaram que a principal razão para essa pausa nos cortes foi a preocupação com a inflação, cujas expectativas estão mais elevadas.
Quando as expectativas de inflação se descolam da meta estabelecida pelo Banco Central, atualmente em 3% com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo, isso indica que há riscos de pressão inflacionária.
Segundo o comunicado divulgado pelo Copom, o cenário internacional ainda apresenta incertezas, especialmente em relação à política monetária dos Estados Unidos e à trajetória da inflação global.
Além disso, indicadores econômicos e do mercado de trabalho no Brasil continuam robustos, o que pode contribuir para pressionar a inflação para cima. Os membros do Copom destacaram ainda os riscos de alta e de baixa para a inflação. Entre os riscos de alta estão a persistência das pressões inflacionárias globais e um possível impacto maior do que o esperado da inflação de serviços.
Por outro lado, os riscos de baixa incluem uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica global e os efeitos de um aperto monetário global mais forte do que o previsto. Em resumo, a decisão de manter a Selic está alinhada à necessidade de monitorar de perto tanto o ambiente econômico doméstico quanto o internacional, exigindo uma abordagem cautelosa na condução da política monetária brasileira.
A inflação medida pelo IPCA nos últimos 12 meses está em 5,6%, acima das metas estabelecidas pelo Banco Central para 2023 de 3,25%, com margens de 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3,00%, com uma tolerância de 1 ponto percentual. A meta de 2026 será definida posteriormente pelo governo.
Internacionalmente, o Federal Reserve dos Estados Unidos elevou sua taxa de juros para 4,75% a 5%, refletindo uma política contracionista contínua. Segundo o Copom, a volatilidade nos mercados globais aumentou devido a eventos nos bancos dos EUA e Europa, afetando negativamente o cenário externo.
Apesar da desaceleração econômica doméstica conforme esperado, a inflação ao consumidor e suas medidas subjacentes permanecem acima do intervalo compatível com as metas de inflação. As expectativas para 2023 e 2024 aumentaram desde a última reunião, com projeções agora em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente.
Os juros elevados nos EUA estão impulsionando a rentabilidade dos Treasuries, o que continua a atrair investidores em busca de melhor remuneração. Isso também afeta os mercados de ações e o câmbio, com potencial impacto de longo prazo na economia global, indicando uma possível desaceleração econômica global devido ao encarecimento de empréstimos e investimentos.
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