O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reafirmou em sua mais recente ata que os futuros ajustes na taxa Selic serão orientados por seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Essa afirmação já havia sido destacada no comunicado anterior, datado de 18 de setembro. A ata, divulgada nesta terça-feira, 24/09 fornece uma visão detalhada dos fatores que levaram à decisão de aumentar a taxa de juros pela primeira vez no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
O cenário econômico atual, caracterizado por uma resiliência nas atividades, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo e aumento nas projeções de inflação, demanda uma postura monetária mais contracionista. “Esses elementos exigem um ajuste rigoroso na política monetária”, afirma o documento, ecoando o mesmo conteúdo do comunicado.
Na semana anterior, o Copom decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, passando de 10,5% para 10,75% ao ano. O relatório Focus, divulgado em 23 de setembro, indicou que o mercado financeiro está revisando suas expectativas, prevendo que a Selic possa chegar a 11,75% ao ano em janeiro de 2025, com aumentos adicionais de 0,25 a 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Apesar desse movimento, as previsões de inflação também estão em alta.
O Banco Central reiterou as projeções de inflação previamente divulgadas. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo acumulado em quatro trimestres até o primeiro trimestre de 2026 é de 3,50%, com base no cenário de referência que considera a trajetória de juros e um dólar a R$ 5,60, ajustando-se conforme a Paridade do Poder de Compra. Essa projeção inclui uma alta de 3,90% para os preços administrados e de 3,40% para os preços livres.
O BC prevê que o IPCA encerre 2024 em 4,30%, com preços administrados subindo 4,20% e preços livres aumentando 4,40%. Para 2025, a expectativa é de uma desaceleração para 3,70%, com aumentos de 4% e 3,60% para os preços administrados e livres, respectivamente. O documento mantém a tabela de projeções apresentada anteriormente.
A ata do Copom descreve a discussão em torno da condução da política monetária em três dimensões principais. Primeiro, o comitê observou que a situação econômica atual, marcada pela resiliência da atividade e pressões inflacionárias, exige uma política mais restritiva. “O comitê busca garantir transparência em suas decisões e manterá seu compromisso com a convergência da inflação”, explica a ata.
Copom: Abordagem gradual em um cenário de incertezas
Em segundo lugar, o Copom optou por um início gradual do ciclo de aperto monetário, permitindo um acompanhamento mais atento dos dados, especialmente em um contexto de incertezas internas e externas. “Todos os membros concordaram em adotar uma abordagem gradual”, destaca o documento.
Por fim, o comitê discutiu o ritmo e a magnitude dos ajustes na taxa de juros, enfatizando a importância da comunicação clara sobre suas decisões. “Dada a incerteza, o comitê prefere uma comunicação que realce a necessidade de monitorar continuamente os cenários, sem sinalizar diretamente os próximos passos”, ressalta a ata.
O Copom identificou que a atividade econômica e o mercado de trabalho estão mostrando um dinamismo maior do que o esperado, o que implica uma reavaliação do hiato do produto. Membros do comitê notaram que essa dinâmica tem sido um fator relevante e, em alguns casos, surpreendente, conforme indicado nas análises do mercado.
O aumento do emprego e o vigor das concessões de crédito estão sustentando o consumo e a demanda agregada. No entanto, a ausência de reformas estruturais e a incerteza sobre a estabilidade fiscal podem elevar a taxa de juros neutra da economia, comprometendo a eficácia da política monetária. “Esses fatores têm potencial para impactar negativamente o processo de desinflação”, alerta o Copom.
O comitê também reforçou a importância de uma política fiscal consistente e transparente para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco nos ativos financeiros. “Políticas monetárias e fiscais sinérgicas são fundamentais para garantir a estabilidade de preços e promover o pleno emprego”, afirmou a ata.
O ambiente externo continua desafiador, especialmente em relação ao ciclo econômico dos Estados Unidos, que gera incertezas sobre a desaceleração e a postura do Federal Reserve. O Copom ressaltou que os principais bancos centrais estão comprometidos com a convergência de suas taxas de inflação, embora os ciclos de política monetária não estejam sincronizados.
Em relação à economia brasileira, o Copom destacou que os indicadores de atividade e mercado de trabalho estão mais dinâmicos do que o previsto, levando a uma nova avaliação do hiato do produto. A ata também mencionou que a inflação medida pelo IPCA está acima das metas estabelecidas, com expectativas de inflação para 2024 e 2025 em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente.
A volatilidade da taxa de câmbio do real foi outro ponto abordado, com o Copom indicando que movimentos abruptos exigem uma abordagem cautelosa na política monetária. “Não há uma relação mecânica entre a política monetária dos EUA e a taxa Selic, e o foco será sempre a transmissão da conjuntura externa na dinâmica inflacionária interna”, concluiu a ata.
Essa análise detalhada das decisões do Copom e o contexto econômico atual são fundamentais para entender os próximos passos da política monetária brasileira e suas implicações no cenário econômico.
Fonte: Estadão
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