O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 21, revelou que os analistas elevaram novamente a projeção para a taxa Selic em 2025. O mercado agora espera que a taxa básica de juros chegue a 11,25% no próximo ano, um aumento em relação à previsão anterior de 11,00%. Esse ajuste reflete uma percepção mais cautelosa diante das expectativas de avanço no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, além de uma inflação projetada mais alta para 2025.
Essa revisão nas projeções está ligada a uma expectativa de inflação mais persistente. Segundo o Boletim Focus, o IPCA deste ano deve fechar em 4,50%, exatamente no teto da meta estabelecida, enquanto em 2025, a inflação prevista é de 3,99%, ligeiramente acima dos 3,96% previstos na semana anterior.
Projeção da Selic e expectativas para 2024 e 2025
No cenário atual, a Selic está em 10,75%, e a expectativa para 2024 é de que ela encerre o ano em 11,75%, sem alterações na previsão. Estão previstos dois aumentos consecutivos de 0,50 ponto percentual nos últimos meses de 2024, seguidos de um novo ajuste de 0,25 ponto na primeira reunião do Banco Central em 2025. Isso levaria a taxa para 12,0% até o penúltimo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).
A partir desse ponto, espera-se que o ciclo de cortes da Selic comece, com uma redução de 0,50 ponto percentual no penúltimo encontro de 2025, seguida por mais um corte de 0,25 ponto no final do ano. Esse movimento projetado indica que o mercado acredita em uma política monetária ainda restritiva, mas com gradativa flexibilização no horizonte.
Essa mudança nas expectativas para a Selic reflete o aumento do ceticismo em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas no curto prazo. Apesar dos esforços anunciados para controlar os gastos, a confiança do mercado financeiro só será retomada com a apresentação de medidas concretas, que são esperadas após as eleições municipais, marcadas para o final de outubro.
O arcabouço fiscal, anunciado pelo governo, tem gerado debates entre economistas, que aguardam a implementação efetiva de cortes e ajustes orçamentários para garantir a sustentabilidade fiscal no médio prazo. Sem essas medidas, a margem de manobra para reduzir a Selic de forma mais acentuada fica limitada.
Inflação e PIB: projeções atualizadas
Outro ponto importante no Boletim Focus foi a revisão da expectativa para o IPCA em 2024 e 2025. Como mencionado, o índice inflacionário deste ano foi ajustado para 4,50%, atingindo o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3,00%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual. Para 2025, a inflação deve fechar em 3,99%, acima da meta, o que reforça a expectativa de manutenção de uma política monetária mais restritiva por parte do Banco Central.
Além disso, o Boletim Focus trouxe uma leve melhora nas expectativas para o crescimento do PIB. Em 2024, a economia brasileira deve expandir 3,05%, um leve aumento em relação à previsão anterior de 3,01%. Para 2025, a projeção de crescimento permanece estável em 1,93%, o que mostra um cenário de crescimento moderado para os próximos anos, diante dos desafios fiscais e inflacionários.
Câmbio: leve aumento na projeção para o dólar
No mercado de câmbio, as projeções também sofreram pequenos ajustes. A expectativa é que o dólar encerre 2024 cotado a R$ 5,42, uma leve alta em comparação à previsão de R$ 5,40 na semana anterior. Para 2025, o preço do dólar deve se estabilizar em torno de R$ 5,40, mantendo-se no mesmo patamar da última projeção.
Essas estimativas refletem a visão do mercado sobre o cenário econômico global e os impactos das políticas monetárias internas e externas sobre a moeda brasileira. A estabilidade na projeção do câmbio para 2025 sugere uma menor volatilidade prevista para o mercado de moedas, em meio às políticas restritivas adotadas por diversos bancos centrais ao redor do mundo.
Em resumo, o Boletim Focus desta semana reforça a percepção de que a Selic deverá permanecer em níveis elevados por mais tempo, em resposta a uma inflação mais resistente e a incertezas fiscais que ainda pairam sobre o cenário doméstico. O mercado espera ajustes pontuais na taxa de juros em 2025, conforme as expectativas para o controle fiscal e a inflação se concretizem.
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