Atualmente, vivemos em meio a uma nova corrida espacial. Diferente dos tempos da Guerra Fria, agora os países colaboram entre si e o poder privado se lançou na indústria para, a partir do espaço, explorar novos negócios aqui mesmo na Terra.

Enquanto ampliar a compreensão e as fronteiras do espaço sideral segue como tarefa dos cientistas, viagens espaciais, serviços de telecomunicações e o lançamento de satélites para monitoramento remoto e observação terrestre estão cada vez mais perto de operações privadas.

Um levantamento feito por Morgan Stanley aponta que essa indústria pode atingir a marca de US$ 1,1 trilhão ou mais de faturamento global até 2040, partindo dos atuais US$ 350 bilhões. O que é, convenhamos, um salto astronômico. Para o mercado de satélites voltados à observação terrestre, a empresa de consultoria Euroconsult estima um crescimento de 9,4% ao ano até 2028.

Satélites do campo

Muito se discute sobre financiamento a empresas durante a pandemia. Um dos setores mais sensíveis segue sendo o crédito rural, que sempre esteve concentrado nas mãos de grandes companhias financeiras e dos fornecedores de insumos agrícolas e era inacessível para produtores que não conseguissem apresentar garantias reais.

Você sabe como funciona a análise para concessão de crédito ao produtor rural?

A partir de dados. O produtor revela qual a área plantada, qual a cultura, em que estágio está a plantação, qual a previsão de colheita e diversas outras informações para avaliação do risco do financiamento.

Até pouco tempo atrás, a análise era feita através de imagens do Google Earth, enviando pessoas ao local ou nem isso, para fazer um cálculo por aproximação baseado nas informações genéricas de órgãos governamentais para aquela região específica.

Agora, as coisas funcionam de uma maneira bem diferente. Há uma grande revolução tecnológica no campo que está modificando o mercado de crédito. As chamadas agfintechs reúnem uma quantidade massiva de dados a partir da observação por satélite das lavouras.

Desta forma, ofertam informações mais precisas e seguras que implicam num score de crédito mais confiável, risco menor para quem empresta, juros mais acessíveis para o produtor, e consequentemente, custo mais baixo para o consumidor.

De acordo com a composição de bandas que é feita, é viável ver não apenas quais os talhões de uma fazenda têm safras plantadas, mas também calcular o nível de umidade do solo e a quantidade de água na planta. Os dados são disponibilizados com bastante frequência.

Fundamentadas nestas informações e o uso de inteligência artificial, é possível fazer projeções mais exatas a respeito do histórico de retração ou expansão de uma lavoura dos últimos anos com uma confiabilidade de 90%.

Dados com essa quantidade de detalhes servem para auxiliar o mercado na tomada de decisão. Seja a instituição financeira na hora de estabelecer o score de crédito do produtor, uma trading que está na dúvida se deve ou não investir ou até mesmo se uma operação de barter é segura.

Um novo ciclo

O mercado está entrando em uma nova fase de êxitos, já que na medida em que crescer a demanda por satélites comerciais, mais empresas lançam objetos espaciais com novas soluções e podem recuperar o investimentos mais rápido, o que potencializa o crescimento em quantidade e qualidade os serviços de análise dos dados.

Isso se reflete na redução do custo cobrado de quem utiliza o serviço, como é o caso das agfintechs. Nos últimos anos, o preço das imagens reduziu drasticamente.

Além da Airbus, atuam nesse mercado espacial diversas empresas, como, por exemplo, Planet, Maxar (antiga Digital Globe), JAXA, Kompsat, Ice Eye, Spire, Axel Space, a argentina Satellogic e até uma das pioneiras da ida do homem ao espaço, a NASA.

Fonte: MSN