Com a chegada de uma pandemia e a necessidade de isolamento social, o comércio teve que readaptar as estratégias de venda, valorizando ainda mais o uso da tecnologia. A surpresa foi o crescimento na venda de cosméticos, que só no mês de junho deste ano teve a receita 80% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com pesquisa da Corebiz, empresa especializada em oferecer soluções completas em marketing digital, foram analisados dados entre 1º de março e 14 de junho. Nesse período as vendas por meio do comércio eletrônico cresceram 68%. O crescimento também foi registrado pelas revendedoras como Rozana Soares, que trabalha há 20 anos no setor, e conta que percebeu o aumento das vendas tanto por meio da página na internet quanto com a venda tradicional.

“As minhas vendas dobraram. Eu vendo outras marcas e na época do Dia das Mães, por exemplo, teve muita procura por produtos como álcool em gel, sabonetes, perfumes e hidratantes. Na minha página na internet o cliente compra e recebe seus produtos sem sair de casa, quando eu não tinha o produto eu o direcionava para página e o cliente fazia a compra, e também teve muita procura”, conta à revendedora que disse que em determinado momento houve a falta de álcool em gel, devido à grande demanda.

Rodrigo Waughan de Lemos, presidente do grupo Gérbera, empresa franqueada da marca ‘O Boticário’ e ‘Quem disse, Berenice? ’, explicitou a importância dos revendedores nesse momento de crise. “Foi possível detectar o aumento da comercialização também por meio das revendedoras. O formato de entrega de WhatsApp ainda estava sendo redesenhado, então elas viram que aquele era o melhor momento para que elas fizessem uma renda extra. Esperamos que isso continue fortalecendo o mercado de cosméticos, até porque a gente sabe que a limpeza está sendo mais trabalhada então álcool em gel, linha de perfumaria, questão de cuidados, tudo isso vem tendo um resultado positivo visto a nova necessidade do consumidor” explica.

Ainda de acordo com a pesquisa, os dermocosméticos tiveram aumento de 128% na receita. Os batons, por exemplo, tiveram o aumento de 58% na receita e 200% na comercialização, em São Paulo.  Em junho o tráfego on-line teve aumento de 56% em todo o país. A entrega mais rápida ao cliente, foi um ponto positivo para alavancar a venda de determinados produtos. Os produtos de cuidado com a pele tiveram aumento da receita em 144% nesse período.

Um dos atrativos ao consumidor é a possibilidade de realizar as compras em diversas modalidades. Rodrigo explica os pontos positivos da diversidade no atendimento e na importância em valorizar o cliente.

“Hoje o consumidor final pode escolher exatamente o lugar onde ele quer comprar. Se ele tiver andando no shopping ou até mesmo na rua e quiser escolher a experiência de uma loja física, ele pode entrar e fazer a sua compra. Se ele for de um grupo de risco ou mesmo não quiser ter contato com ninguém, ele pode fazer o pedido por meio do WhatsApp ou e-commerce. Sem esquecer também da revendedora, ele pode fazer a compra diretamente com ela. Então com essa ‘multicanalidade’ o cliente passa a ser o centro de tudo, e quando você foca numa melhor entrega você tem um atendimento cada vez melhor e a experiência do consumidor é muito superior”, finaliza.

Porém, com tanta coisa boa, uma dúvida que surge é se o aumento da demanda pode gerar o aumento no preço dos produtos. Rodrigo enfatiza também que os produtos 100% nacionais não correm risco de elevação no preço com o aumento da procura. Mas se na produção de algum cosmético tiver um produto que dependa do dólar, no momento que o valor da moeda aumentar, a tendência é que o produto final também sofra alteração.