As startups brasileiras não sofreram com os impactos da pandemia.  Durante o mês de setembro, as empresas de inovação do país receberam juntas um total de 842 milhões de dólares, repartidos em 37 aportes. No total, desde janeiro, essas empresas já receberam 2,2 bilhões de dólares.

Dados levantados através da empresa de inovação, Distrito, revelam que este foi o melhor mês de setembro da história para as startups. Em comparação com o mesmo mês em 2019, o volume investido foi 65% maior. Já em relação a setembro de 2018, o valor foi 786% maior. Apesar do volume grande, o número de transações foi inferior aos dois anos anteriores: 37 contra 43 e 33, respectivamente.

O ano de 2020 já está quase atingindo o total investido em startups em 2019: 2,3 bilhões de dólares. “Considerando que este é um ano de desafios extremos, o Venture Capital reagiu muito bem e acreditamos muito ainda no potencial de crescimento desse mercado”, afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito.

Ao analisar todas as 322 captações realizadas ao longo deste ano, nota-se que a maioria dos aportes está concentrada nos estágios iniciais de captação das startups (anjo, pré-Seed e seed). Nessas categorias, são 245 no total. Porém, a maior parte do volume investido (2,1 bilhões de dólares) se concentra em rodadas de série A a G e em Private Equity.

Para o especialista, uma série de fatores justifica a quantidade de capital que as startups têm atraído. O primeiro é que os principais fundos que atuam no mercado brasileiro estavam capitalizados no começo de 2020, então tinham recursos para seguir fazendo aportes mesmo durante a pandemia.

Em segundo lugar, há um cenário macroeconômico favorável no Brasil. Com a taxa básica de juros no seu menor valor histórico, os investidores começam a buscar novas classes de ativos com uma rentabilidade maior. O dólar mais alto também torna o mercado brasileiro relativamente barato para investidores estrangeiros.

“Os fundos têm teses de muito longo prazo, estão preparados para passar por solavancos. A pandemia fez com que eles tivessem maior cuidado na alocação de recursos, mas estão de olho em oportunidades para daqui a cinco ou dez anos. E a tendência é uma digitalização ainda maior da sociedade”, diz Gierun.

Fonte: Exame