Uma luz roxa ilumina as caixas empilhadas onde alfaces, ervas aromáticas e couves estão prestes a brotar em uma das maiores fazendas “verticais” da Europa. A startup dinamarquesa Nordic Harvest criou um projeto em um depósito na zona industrial de Copenhague, com 7 mil metros quadrados e tem como objetivo produzir milhares de verduras, sem nunca ter contato com o solo ou luz solar.

Prateleiras com 14 níveis vão do chão até o teto do hangar e os produtos cultivados serão colhidos 15 vezes por ano, graças a um sistema de iluminação de 20 mil lâmpadas de LED, que operam 24 horas por dia. Minúsculos robôs, carregando bandejas de sementes, se movem de um corredor para outro, dando à fazenda um toque ainda mais futurista.

Fundador e CEO da Nordic Harvest, Anders Riemann, revela que espera colher aproximadamente 200 toneladas de produção já no primeiro trimestre de 20221 e cerca de 1 mil toneladas anuais. Isso faz com que o armazém Taastrup seja uma das maiores fazendas verticais da Europa.

Esse tipo de fazenda urbana não foi muito bem vista pelos agricultores rurais tradicionais, que questionaram sua capacidade de alimentar o planeta e criticaram o consumo de eletricidade e o preço dos produtos.

Todavia, Riemann pontua os aspectos ecológicos de sua fazenda, com produtos cultivados próximos ao consumidor, o uso que se faz da energia verde e que não utiliza agrotóxicos. “Uma fazenda vertical se caracteriza por não agredir o meio ambiente, reciclando toda a água, nutrientes ou fertilizantes”, destaca.

A Dinamarca é lidar na Europa em parques eólicos, 40% da eletricidade do país é oriunda de fontes renováveis. “No nosso caso, usamos 100% da energia produzida pela energia eólica, o que nos torna neutros em termos de CO2”, acrescenta o agricultor urbano.

Embora não queira revelar o valor da conta de eletricidade da Nordic Harvest, Riemann acrescenta que a energia vem de “certificados eólicos” registrados na bolsa de energia dinamarquesa. Esses documentos legais garantem que “a quantidade de eletricidade consumida em um ano é equivalente à eletricidade produzida por turbinas eólicas numeradas no mar”, ressalta Riemann.