Apoiado por um investimento de R$ 200 milhões para programas a serem desenvolvidos em um período de quatro anos, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), está desenvolvendo uma série de iniciativas para impulsionar o crescimento de startups paulistas.

Liderado por Michel Porcino, ex-Kria e SP Negócios, o Sebrae for Startups foi criado no fim de 2020, como parte de uma série de movimentos da nova gestão da organização, que tomou posse no ano anterior. O projeto visa reposicionar o trabalho do Sebrae junto a nova empresas de base tecnológica, com mais de 20 programas voltados às necessidades de startups de diversos perfis e estágios de desenvolvimento.

Através das diversas áreas de atuação dos programas, a nova estratégia coloca ênfase no apoio a empreendedores além da capital. Além disso, o plano também traz um foco no fomento à inovação, com parcerias e contratos com metas que apoiam a estratégia com várias organizações, como a ABStartups. O objetivo é fechar 2022 com uma carteira de mais de 500 startups com faturamento de até R$ 4,8 milhões sendo acompanhadas pelo Sebrae através de programas estruturados.

“Até dois anos atrás, o Sebrae era muito tímido em relação a startups, tanto que eu sempre provocava [a instituição] a fazer mais. Os projetos que estamos desenvolvendo trazem mudanças drásticas neste sentido, o que é bem inovador para uma organização que costuma falar com a padaria, com o negócio tradicional”, diz Michel, em entrevista ao Startups.

“Percebemos que precisávamos criar programas que fossem mais decisivos no tratamento das dores de empresas de alto crescimento, e atendessem suas especificidades com soluções de A a Z. Hoje, nosso portfólio tem uma série de recursos para que qualquer empreendedor do estado de São Paulo possa tirar uma ideia do papel, vender e crescer”, acrescenta.

Acesso ao ecossistema

Se o Sebrae está transformando seu modelo de apoio a novos modelos de negócio, por outro lado também precisa viabilizar o acesso de empreendedores ao mundo das startups. Um dos programas que se propõem a cumprir a este objetivo é o Start, aceleração de três meses que está sendo lançada em 30 cidades do estado.

“Até recentemente seria impensável ter uma aceleradora em cidades de 50 mil habitantes ou menos. Existem muitas oportunidades, e precisamos educar e disseminar a cultura de startups tanto entre os empreendedores tradicionais, quanto entre os compradores”, diz Michel.

Sob o guarda-chuva, o Sebrae olha para públicos específicos, através de iniciativas como o Start Black, que está com inscrições abertas e visa acelerar pessoas negras que querem começar ou impulsionar suas startups; o Start Periferias, que também está com inscrições abertas e vai começar com um projeto na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo; e o Start Silver, para fundadores acima de 50 anos, que deve ser lançado em junho.

“Estamos realizando estes projetos com parceiros com a intenção de furar a bolha e poder oferecer a estrutura de suporte que não só o Sebrae, mas o ecossistema oferece. Queremos que mais possibilidades possam chegar a todo mundo e que mais ideias inovadoras chegem de todas as partes do estado”, aponta Michel.

Segundo Michel, a maioria do time focado em startups – cerca de 20 pessoas – é formada por mulheres, e um terço mora em regiões periféricas de São Paulo, e há uma representatividade significativa de pessoas negras no time. “Se não tivermos diversidade no time, não teremos condições de criar programas bem-sucedidos”, ressalta.

Apoiando a expansão de novos negócios

Na frente da aceleração de vendas, o Sebrae faz uma avaliação, entende as dores e, no caso de empresas mais jovens, apoia o desenvolvimento do product-market fit e a otimização da máquina de conversão. Se a empresa já estiver em um nível mais avançado de desenvolvimento, pode obter consultoria em diversas frentes como reforço do time de vendas e matchmaking com possível clientes. Esta frente é informada pelo mapeamento de mais de 15 desafios de vendas.

Em relação a acesso à capital, o Sebrae tem iniciativas como o Open VC, evento em que fundos fazem seu pitch para empreendedores e conexões são geradas. Ao mesmo tempo, um diagnóstico também é feito para entender o preparo da empresa antes de buscar investimentos, além da elaboração de um plano de ação, e conexões com fundos.

As atividades do Sebrae for Startups também incluem uma frente de internacionalização, com missões para cidades como Miami e Londres. O intuito é aproximar as startups das agências de negócios dos países e de possíveis parceiros e clientes internacionais.

“O Brasil só é reconhecido lá fora por empresas do setor financeiro. Nossa meta é que mais empresas possam ganhar o mundo”, ressalta o executivo.

Outro grande objetivo do Sebrae for Startups é conectar o ambiente de inovação do estado, que visa resolver um dos grandes problemas do ecossistema: “As iniciativas são muito difusas, um parque de inovação não conversa com o outro, uma aceleradora não troca com a outra. Nossa visão é que o Sebrae não opere de forma isolada”, diz Michel.

Cerca de 30 parceiros estão atuando junto ao Sebrae for startups. O trabalho inclui o Delta Fintech Lab, projeto a ser lançado com a participação da Ventiur Aceleradora e apoio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Sebrae Nacional.

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