O ano de 2020 foi desafiador em quase todos os segmentos, seja pela imprevisibilidade, redução da demanda ou paralisação de atividades. Os efeitos da pandemia foram impactantes para a economia e para a cultura empresarial de forma geral. Home offices e reuniões por call se tornaram coisas do dia-a-dia até para os empresários e executivos mais tradicionais. O cenário econômico tinha uma perspectiva muito positiva. Não fosse o turbilhão que estamos passando, a tendência era de alta representativa em todos os setores. No caso específico de M&A, está se configurando um “alinhamento de astros” nunca antes visto. É uma avalanche que está começando e vai se alastrar por todo 2021 e talvez 2022.
Os juros são os mais baixos da história, o dinheiro está todo se movimentando para a economia real. Aplicar recursos em títulos da dívida governamental deixou de ser interessante como outrora. Não é a toa que, mesmo com resultados não tão bons, a bolsa de valores segue circundando a casa dos 100.000 pontos (no dia de hoje em 98.000). E onde tem demanda tem oferta.
Com o redirecionamento do dinheiro para a economia real, o movimento de iPOs foi fortemente impulsionado gerando uma nova onda que está culminando em uma captação recorde de R$ 94 bilhões na bolsa de valores em 2020. E onde tem IPO tem M&A, é quase uma lei da física. Uma grande parcela deste dinheiro captado é direcionado para aquisição de novos negócios. O mais interessante é que esse movimento não vai parar, no dia de hoje a CVM está 35 ofertas de ações em análise, sendo que 44% mencionam explicitamente em seus prospectos que utilizarão o dinheiro (parcial ou na integralidade) para M&A.
Como reflexo do cenário econômico, as captações de fundos de Private Equity e Venture Capital também aumentaram em 180% no primeiro semestre de 2020 (R$ 2.4 bi no primeiro semestre de 2019 e R$ 4.34 bi no primeiro semestre de 2020) enquanto que os investimentos aumentaram somente 35% e os desinvestimentos caíram 44% de acordo com a ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital). Na leitura da Studio Brokers, o mercado está postergando decisões tanto de investimentos quanto de desinvestimentos enquanto que as captações aumentam devido ao cenário econômico. Entendemos que exista muita pressão econômica para este dinheiro se movimentar em um futuro próximo.
Corroborando com nossa tese de postergação de investimentos, mesmo com o cenário de juros positivo e aumento de captações de fundos de investimento, até o fim do terceiro trimestre o movimento em M&A estava 25% inferior ao de 2019 de acordo com o relatório trimestral da TTR.
Nos parece que temos um cenário explosivo: juros baixos, IPOs recordes, captações em alta e investimentos reprimidos. Provavelmente é o momento com maior potencial de upside que o mercado de M&A brasileiro já viu.