Em busca de entender como as empresas estão sendo afetadas pela pandemia, a Mazars, auditoria e consultoria empresarial, realizou a pesquisa “Os impactos da Covid-19 no mundo dos negócios”. O resultado mostrou um cenário de indefinição nas companhias nacionais.
Entre as empresas que participaram do levantamento, 69% disseram que tiveram cancelamentos de clientes. O aumento de inadimplência foi relatado por 68% dos entrevistados.
Segundo a pesquisa, as relações entre empresas são pautadas pela incerteza, podendo afetar a cadeia produtiva da economia. Panorama que ganha força com o índice de postergação dos trabalhos, 82,27%.
O levantamento também mostra que 93,33% das empresas que faturavam mais de R$ 300 milhões antes da pandemia recorreram a medidas do governo, crédito bancário ou outros tipos de aporte financeiro.
Reflexo no caixa
Mais de 46% das empresas que participaram da pesquisa notaram uma queda superior a 25% no faturamento.
Os representantes desses ramos relataram, em sua maioria, crescimento de 0 a 10%.
O ambiente digital acumula crescimentos expressivos na quarentena, atingindo um número cada vez maior de pessoas e empresas.
Sobre os principais problemas enfrentados na pandemia, os resultados apontaram:
- 82,27% – postergação dos trabalhos;
- 72,15% – cancelamentos de clientes;
- 69,62% – inadimplência e faturas não pagas;
- 56,96% – problemas de operação em função do não fornecimento de matéria-prima;
- 54,43% – falta de caixa para honrar os compromissos;
- 54,43% – problemas de operação em função da impossibilidade do home-office.
Medidas do governo federal
A parcela de empresas envolvidas na pesquisa que não recorreu a nenhuma medida do governo corresponde a aproximadamente um terço.
As empresas que não suspenderam contratos ou não reduziram jornadas pertencem a setores que não sofreram alterações em suas demandas ou até registraram crescimento nesse sentido: tecnologia, entretenimento digital, pesquisa e desenvolvimento, bancos, farmacêutica, comércio exterior e agricultura.
Em relação às medidas trabalhistas anunciadas pelo governo federal, 67,09% alegaram que as utilizaram, enquanto apenas 32,91% não usufruíram de nenhuma medida.
Entre as medidas mais usadas, sendo que algumas empresas recorreram a mais de um item, temos:
- 81,82% anteciparam as férias dos colaboradores;
- 56,06% reduziram a jornada de trabalho e os salários;
- 28,79% suspenderam os contratos de trabalho e
- 7,58% financiaram a folha de pagamentos.
O otimismo que tomava conta das empresas brasileiras em janeiro naufragou com a pandemia.
A Covid-19 mudou as relações de trabalho e alterou os planos de investimento de 89,87% das companhias consultadas pela Mazars.
Para 65,82% os projetos de investimentos serão reavaliados, enquanto 24,05% informaram que serão cancelados e, por fim, apenas 10,13% irão manter.
Crédito
Em relação às linhas de crédito, 31,64% das empresas afirmaram que recorreram, mas quando a pergunta foi se tiveram êxito, apenas 17,72% conseguiram, enquanto 68,35% não solicitaram crédito aos bancos e mantiveram a instituição sem esse recurso.
Entre as empresas que faturam até R$ 10 milhões anualmente, 57,14% procuraram ou cogitam procurar bancos em busca de crédito, e 14,28% dos participantes relataram que não conseguiram o crédito desejado.
As exigências feitas pelas instituições financeiras e os juros altos foram alguns dos entraves.
No item como as empresas estão trabalhando para lidar com os custos no momento, mais da metade (58,23%) alegaram que negociaram a postergação dos vencimentos, enquanto 41,77% estão conseguindo fazer todos os pagamentos normalmente, sem qualquer tipo de redução ou atraso; 26,58% precisaram cancelar os seus contratos, e apenas 7,59% estão atrasando os pagamentos e não há previsão de quando conseguirão quitá-los.
Em relação ao uso do benefício de postergação de recolhimento dos impostos, 72,15% afirmaram que recorreram, enquanto 27,85% não precisaram desse recurso.
Sobre a pesquisa: O levantamento foi realizado entre os meses de abril e maio, com a finalidade de conhecer as visões de quem tem um panorama geral de empresas de diversos segmentos.
Entre os respondentes, 40,26% são dirigentes (CEO, COO, CFO e CMO), 23,38% são controllers, 16,88% são sócios, 16,88% são diretores e 2,60% são vice-presidentes.
Os segmentos com maior representatividade na pesquisa são: serviços profissionais (15,19%), farmacêutica e saúde (6,33%), comida e bebida (5,06%), manufatura (5,06%), varejo (5,06%) e agronegócio (3,80%).
Fonte: Jornal Contábil