Dupla jornada, falta de apoio, dificuldade em conseguir financiamento… Essas barreiras são todas velhas conhecidas a complicar o empreendedorismo feminino. Mas não são as únicas. Um levantamento feito pelo Sebrae-SP e o Movimento Aladas descobriu que enquanto há 24 milhões de mulheres brasileiras com o desejo de empreender, 43% delas não o fazem por medo de falhar.

“Empreender é saber viver em um mundo de incertezas, e tudo que é incerto dá medo. Quando uma mulher abre mão de uma carreira, de uma vida na CLT ou de certa forma mais segura, e resolve empreender, culturalmente já se sente em um lugar de desconforto. 43% delas desistem só de pensar nesse plano dar errado”, comenta a empresária Daniela Graicar, fundadora do Movimento Aladas, que nasceu no início da pandemia para capacitar, por meio de cursos digitais gratuitos, mulheres que querem abrir seus negócios ou melhorar sua capacidade de gestão.

Com o objetivo de explorar o dia a dia e os desafios das mulheres ao empreenderem e gerirem seus negócios, a pesquisa Empreendedorismo Feminino: O Voo Delas/2021, feita pelo Movimento Aladas em parceria com o Sebrae-SP, aplicou questionário a 1003 micro e pequenas empreendedoras de São Paulo.

Entre aquelas que superaram o medo de falhar e encararam serem donas de seu próprio negócio, a maioria teve como motivação uma busca por autonomia e flexibilidade para ficar com a família. Das que começaram durante a pandemia de covid-19, 43% afirmaram estarem atrás do seu sonho.

No período da pandemia, inclusive, houve um ligeiro aumento na abertura de empresas fundadas por mulheres, o que, segundo a pesquisa, sugere uma movimentação interessante e promissora.

“Sempre falamos: o que não conhecemos, não sonhamos. E o que não sonhamos, não realizamos. A partir do momento que começamos a ver mais histórias de sucesso de mulheres que empreenderam e continuaram a conseguir exercer os diversos papéis – mãe, esposa, amiga – passamos a sonhar mais com essas histórias, em protagonizar isso também”, diz Daniela Graicar.

A empresária ainda destaca a importância de mostrar estas histórias de sucesso de maneira normalizada e acessível, nas quais o fracasso também faça parte da jornada. “A gente começa a dar mais visibilidade ao tema. São histórias de sucesso com episódios de fracasso e está tudo bem, faz parte”, afirma.

Segundo o Sebrae-SP, o Brasil já conta com 9,3 milhões de mulheres empreendedoras. A pesquisa realizada pela instituição e pelo Movimento Aladas ajudou a traçar um perfil atual deste grupo.

Entre os setores de atuação, o comércio e o varejo são o grande destaque. Comparando o pré e pós-pandemia, as mulheres empreendedoras que iniciaram na área ainda aumentaram de 49% para 57%.

É o caso das empresárias Pamela Guarise e Adriana Calegari, fundadoras da loja on-line Amora Liz Calçados. Atuando desde 2016, elas já superaram as dificuldades iniciais. “Nosso medo maior era realmente entender como é ter uma empresa. No início você tem a visão da ideia, mas não de todo o planejamento que há por trás. Empreender de maneira estruturada foi um grande desafio, pois no começo não sabíamos como fazer”, contam.

Logo atrás do comércio, segue o setor de serviços, com 37% de novos negócios femininos durante a pandemia. O cenário propiciou algumas iniciativas, principalmente no digital. As especialistas em marketing digital, Daniela Andrioli e Jamile Cury, viram sua agência Bola de Cristal decolar justamente nesta época. Voltada a oferecer cursos que ajudam mulheres a potencializar vendas e lucro no Instagram, a agência conta hoje com mais de 700 alunas e 100 mil seguidoras na rede social.

“Nesse período, a necessidade de presença digital se tornou inquestionável e o nosso conhecimento passou a ser mais procurado. Pela experiência que temos com nossas alunas, percebemos que muitas querem empreender, mas ainda não sabem por onde começar, não têm um passo a passo que as guie. Além disso, acreditamos que muitas planejam, mas têm medo de ir para o campo de batalha e se frustrar com os obstáculos que aparecerão no caminho”, comenta a dupla.

Por último no ranking nos setores com presença de mulheres empreendedoras, estão a indústria, a construção civil, startups e agro – nenhuma das áreas chega a representar 5% dos novos negócios abertos por mulheres.

A empresária Daniela Graicar afirma que muitas empresas do setor, em especial as de tecnologia, estão percebendo essa diferença de proporção e buscando atrair mais mulheres por meio, por exemplo, de cursos gratuitos. Mas ainda acredita que esta é uma mudança cultural: “estas áreas exigem bastante o tentar e errar, algo que não somos encorajadas a fazer desde a infância. Não é tão fácil reverter esses dados, mas é possível”.

Programas de estímulo, mais exemplos femininos e tornar estes territórios mais preparados para receber mulheres, seja como funcionárias ou empreendedoras, estão nas medidas apontadas pela fundadora do Movimento Aladas para superar essa diferença.

Fonte: Consumidor Moderno.

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