Ao longo de 2020, os pedidos de falência aumentaram no país. Segundo dados levantados pela Boa Vista, empresa que aplica inteligência analítica nas transformações de informações para a tomada de decisões em concessão de crédito em negócios em geral, os pedidos de falência aumentaram 12,7% em comparação com 2019. No quesito falência decretada, o aumento foi de 1,9%.

Ainda que a crise causada pela pandemia tenha fomentado esse crescimento, o planejador financeiro pessoal da Real Cultura Financeira, João Gondim, destaca que velhos hábitos, como a mistura entre contas bancárias de pessoa física (PF) com a de pessoa jurídica (PJ), continuam sendo um dos principais vilões dos orçamentos das empresas.

“É muito comum às pessoas misturarem receitas e despesas em uma só conta. Um dos termos mais comuns ditos pelos empresários é ‘vou fazer uma retirada’, mas isso significa um assalto do sócio aos cofres da empresa”, comenta o especialista.

Segundo ele, os sócios só podem receber a receita da empresa por meio de lucros ou pró-labore. O problema se torna ainda mais grave quando pessoa física e jurídica compartilham a mesma conta, não havendo controle sobre as despesas.

Gondim revela que o ideal é fazer a abertura de duas contas bancárias para separar os orçamentos de PJ e PF. Com a chegada dos bancos digitais, a prática ficou ainda mais fácil.

Outra questão importante para os micro e pequenos empresários que estão iniciando sua jornada é estabelecer um único dia do mês para receber o lucro ou pró-labore. Assim, se for o primeiro, o empresário irá tirar a sobra da conta da empresa para a conta da pessoa física. Se for o pró-labore, o ideal é retirar o valor na data do pagamento dos funcionários.

Além disso, a empresa pode precisar de auxílio dos sócios para superar as dificuldades financeiras. Empresas que contam com apenas um empresário no comando podem pegar o valor como empréstimo e, com isso, cria-se um programa de pagamentos para que a pessoa jurídica pague esse montante.

“Quando se têm sócios, deve-se discutir como será feita a divisão do valor que será aportado na empresa”, explica Gondim.

Contabilidade em dia

Além do descontrole nos gastos, a falta de organização entre as contas de pessoa física e jurídica pode gerar problemas com a Receita Federal. Ao fazer repasses ou captação de recursos e retiradas da empresa, essas informações devem estar declaradas como operações na contabilidade da PF ou PJ.

Quando se faz o pagamento de despesas da empresa com recursos próprios sem o registro ou faz empréstimos para a pessoa jurídica para pagar contas da pessoa física, há grandes chances de o empresário cair na malha fina da Receita.

Dessa forma, o melhor caminho é deixar tudo registrado e esclarecido sobre quais operações são da PF e quais são da PJ.

Fonte: Contábeis.