O setor de viagens não deve se restabelecer antes de 2022, entretanto, a Despegar, conhecida como Decolar no Brasil, quer aproveitar a “calmaria” para crescer através de aquisições – e não apenas no meio digital.
Com os efeitos da pandemia, a empresa argentina que está listada na Bolsa de Nova York viu seu valor de mercado cair 75%, para US4 530 milhões, mas segue sendo vista como consolidadora. A companhia não perdeu tempo e realizou ajustes de custos e no último mês, levantou US$ 200 milhões.
Recentemente já foram feitas duas aquisições: a Koin, empresa brasileira de boletos parcelados e que vai auxiliar a abrir um mercado de clientes que não possuem cartão de credita e também a mexicana Best Day, que possui lojas físicas e marca o ingresso da Despegar no ramo de receptivo. Com a crise gerada pela pandemia de Covid-19, a Despegar conseguiu um desconto na Best Day: de US$ 136 milhões para US$ 56 milhões, pagando só daqui a 36 meses.
Alexandre Moshe, diretor-geral da Decolar no Brasil, revelou que a empresa chegou a registrar uma baixa de 83% nas reservas, mas as demandas já estão começando a voltar ao poucos.
Confira trechos da entrevista de Moshe para o veículo O Globo:
Quanto tempo vai levar para o setor se recuperar?
O consenso é que voltaríamos ao patamar de 2019 — 90% a 100% — em 2022. Ajustamos a operação em 35% para atravessar esse período de forma saudável e sem tirar a alavanca de crescimento não orgânico.
O grupo recebeu um aporte de US$ 200 milhões. O plano é fazer aquisições?
Além de reforçar o caixa, vamos olhar oportunidades de crescimento, com prioridade para aquisições no Brasil e no México.
Já dá para falar em retomada?
O volume de transações hoje é 40% do que era antes da pandemia. Mas já vemos um crescimento semana a semana nas buscas e no tráfego no site. Antes, a antecedência de compra era de 3 meses. Com a pandemia, as pessoas passaram a comprar de véspera. Agora estão voltando a se programar, comprando para voar daqui a 4 ou 5 meses. O desejo continua. As pessoas estão loucas para viajar. Ficam mais tempo no site, namorando os destinos. Quando sai notícia de flexibilização de voo em algum destino, as buscas retomam na hora. A retomada só depende da segurança da viagem.
E para onde as pessoas querem ir?
Não tem surpresa. Para as férias de fim de ano, os destinos mais procurados são os de sempre: Rio, Fortaleza, Maceió, Buenos Aires, Orlando, Miami, Lisboa.
A pandemia vai mudar a cara da indústria do turismo?
Acho que as pessoas vão usar mais o celular para receber ofertas e informações sobre o destino durante a viagem. Isso estava começando a acontecer e acho que vai ter uma adesão mais rápida.
Uma mudança que aconteceu na pandemia foi a maior flexibilidade para remarcar as viagens sem custo. Se isso vai continuar a ser oferecido pelo provedor, não sei. Do nosso lado, a gente trabalha para deixar as regras bem comunicadas. O cliente tem que entender para tomar decisão.
Fonte: O Globo