Em 9 de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou pela primeira vez as informações sobre surto de gripe na China: um conjunto de casos de pneumonia havia sido relatado em Wuhan, possivelmente devido à exposição de vendedores a animais vivos no Huanan Seafood Market. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos CDC) divulgou a notícia alguns dias antes, em 6 de janeiro. Mas uma plataforma canadense de monitoramento da saúde os derrotou, enviando a notícia do surto a seus clientes em 31 de dezembro.

O BlueDot usa um algoritmo baseado em Inteligência Artificial mapeia notícias a partir de centenas de fontes internacionais em 65 idiomas, além de rastrear redes de pesquisas em saúde, dados de companhias aéreas, comunicados oficiais de empresas ligadas ao agronegócio, pecuária e outras, e até mesmo fóruns de discussão sobre diferentes temas. Com tais informações, a BlueDot compila alertas relacionados a eventuais áreas de risco e novas doenças, como foi o caso do coronavírus, sobre os quais os clientes da companhia foram informados 10 dias antes do pronunciamento oficial da OMS e sete antes do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, considerado o primeiro a oficializar a epidemia.

Mais do que apenas enviar avisos sobre o coronavírus, o sistema foi capaz de prever, também, o caminho que seria seguido pela infecção. Com base em dados de companhias aéreas e voos saídos de Wuhan, a tecnologia foi capaz de indicar cidades como Seul, Taipei, Tóquio e Bangkok como focos da doença antes mesmo de casos serem confirmados em todas elas. Os alertas, mais uma vez, eram voltados para que os clientes evitassem viajar para tais regiões e tomassem medidas sanitárias para reduzir o contato com o patógeno.

A tecnologia funciona por meio de machine learning e algoritmos de previsão, com um time de 40 pessoas, entre médicos e programadores, trabalhando o sistema e o alimentando com informações adicionais para auxiliar na precisão dos achados. Os funcionários também trabalham na validação das informações, com a BlueDot garantindo que nenhum alerta é feito sem que um grupo de especialistas dê o aval, como forma de não emitir falsos positivos e gerar pânico entre a população. Os dados são compartilhados com os clientes da empresa, que incluem companhias aéreas, hospitais, institutos de pesquisa e outras organizações de saúde, além de governos. O público geral, entretanto, não tem acesso às informações, algo que Khan afirma que mudará em breve.

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