O ecossistema da cidade de Rio Verde, em Goiás, é composto por grandes produtores de grãos e de proteína animal e, recentemente ganhou reforço para se tornar um polo ainda mais eficiente no ramo.

Em busca de acelerar a transformação digital no campo, o Hub Orchestra Innovation, viu no estado goiano o novo núcleo de agtechs do país. Para usar uma expressão recorrente, uma espécie de Vale do Silício do agronegócio.

“É um desafio para nós e para as startups gerar maior produção e mais negócios em um a região bem estruturada. Mas vemos que existe espaço para isso”, afirma Nathália Secco, CEO do centro de inovação Orchestra.

Um local que possui aglomerado de grandes empresas como BRF (Perdigão/Sadia), Comigo (terceira maior cooperativa agroindustrial do País), Internacional Papers, Videplast, Cargill, Siol e Kowalski, atraídas pelo alto volume e facilidade de produção. Na órbita dessas potências industriais estão outras companhias de valor agregado, de defensivos, insumos e maquinários, como Monsanto, Pioneer, Case, New Holland e John Deere, sediadas em Rio Verde e ao menos 30 cidades adjacentes. Um celeiro anfitrião da de uma das maiores feiras anuais de agronegócio do País, a Tecnoshow Comigo, que gera volume de R$ 3,4 bilhões em negócios.

Como ponto forte da cidade está a localização estratégica na região Centro-Oeste e a perspectiva do funcionamento, a partir de 2021, da Ferrovia Norte-Sul, principal eixo ferroviário do Brasil, interligando o centro aos portos de Itaqui-MA e Santos-SP – foi concedida à concessionária Rumo S.A pelo governo federal em março de 2019.

Diante dessa virtualidade, a Orchestra visa, como o nome diz, orquestrar esses atores para tirar o máximo proveito da região. Para o hub, falta uma pitada de tecnologia para fertilizar o terreno que já é promissor. “Queremos transformar regiões como a minha, que são polos do agronegócio, mas não desenvolvem tecnologia e têm pouco acesso à variedade de tecnologias que estão disponíveis no mundo”, afirma Nathália, pós-graduada em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e especialista em Liderança Executiva, Tecnologia e Inovação pela Universidade de Stanford, no Vale do Silício.

Além dela, o co-founder da Orchestra, Diogo Ruiz, também teve passagem pela famosa baía de São Francisco, na Califórnia (EUA), onde estudou na Y Combinator. O terceiro fundador do hub é Adriel Bortolotti, que traz na bagagem a expertise como manager da empresa Fertverde, presente no mercado do agronegócio há mais de 30 anos, com tecnologias para o manejo das culturas agrícolas – ele também foi jogador de futebol profissional de 2003 a 2012, atuando pelo Internacional, do Rio Grande do Sul.

Esse é o time que encabeça o centro de inovação criado no início do ano passado e que começou suas atividades de fato no segundo semestre. O trabalho visa preparar startups em fase de escala durante três meses para incrementar algum componente ao mercado da região, num programa chamado Startup Connection. Junto com agricultores e produtores, desenvolvem a tecnologia necessária para fazer os processos mais eficientes.

A expectativa é de usar tecnologias de IoT, Big Data, machine learning, inteligência artificial e blockchain na busca por soluções nas áreas de analytics, robótica e drones, biotecnologia, irrigação, fintech, conectividade, proteínas alternativas, nanotecnologia e energia alternativa.

O networking é outro ponto forte do hub, que atua em parceria com 18 grandes agricultores e duas indústrias, atingindo aproximadamente 20 mil hectares. Neste ano, a previsão de investimento é de R$ 1 milhão para conectar as agtechs aos principais players do setor.

As agtechs selecionadas têm acesso a mentorias, palestras e workshops, encontros com investidores e potenciais compradores de seus serviços e produtos, além de reuniões comerciais e eventos. Por meio de parcerias, o hub oferece acesso a uma infraestrutura para testes de campo e possui conexões com outros hubs de inovação que podem ser conectados pelos empreendedores.

A expectativa é realizar ainda em 2020 ao menos dois eventos para estimular o desenvolvimento desse ecossistema, como a Corporate Innovation e os Challenges. O primeiro consiste em programas de inovação para indústrias e corporações. O segundo, desafios realizados em parceria com outras aceleradoras para auxílio da indústria parceira. “Queremos fazer toda a roda do ecossistema agro girar com resultados concretos e mais engajamento de todos os stakeholders”, diz Nathália Secco.

E para fazer rodar a dinâmica do processo de aceleração digital, a Orchestra tem o apoio, além da empresa Fertverde, da Prisma Inteligência Agronômica, companhia que utiliza ferramentas digitais e com precisão no manejo da fertilidade do solo e nutrição de plantas, do TecnoIF (Parque Científico-Tecnológico do Instituto Federal Goiano).

Fonte: MSN