A Hotmart Company, empresa de tecnologia líder global que oferece a criadores de conteúdo uma plataforma para criar, gerenciar e crescer negócios digitais, anunciou que recebeu um aporte de R$ 735 milhões (US$ 130 milhões) numa rodada de investimento série C liderada pela TCV. A Alkeon Capital também participou da transação.
A avaliação da companhia não foi divulgada, mas a Hotmart continua crescendo no seu status já previamente alcançado de “unicórnio”. Os recursos obtidos nesta rodada serão utilizados em iniciativas de crescimento, incluindo inovação em produtos e expansão internacional, tanto organicamente quanto através de fusões e aquisições.
Fundada por João Pedro Resende e Mateus Bicalho em 2011, a Hotmart ajuda criadores de conteúdo a monetizarem seus produtos na internet, criando e vendendo conteúdos digitais como cursos online, e-book e clube de assinaturas. A startup tem escritórios em seis países além do Brasil (Holanda, Estados Unidos, Espanha, México, Colômbia e França) e, por meio de sua plataforma, atende criadores de conteúdo de mais de 100 países. Ao todo, a empresa tem hoje cerca de 1,3 mil funcionários.
“A Hotmart está na linha de frente na Economia da Paixão, ajudando criadores a irem além da monetização de seu conteúdo, possibilitando que eles realmente criem um negócio digital. Ao oferecer as ferramentas para os criadores difundirem seu conhecimento, nós estamos fomentando um novo modelo de empreendedorismo baseado na internet”, diz João Pedro Resende, CEO e cofundador da Hotmart.
Atualmente, diferentes conteúdos circulam pela Hotmart, desde cursos de inglês e finanças a até treinamentos de meditação e espiritualidade. A plataforma da startup permite que criadores publiquem seus conteúdos, processem os pagamentos e monitorem o comportamento de seus consumidores — a empresa fica com uma fatia sobre o que é comercializado.
A Hotmart afirma que atingiu o título de unicórnio em fevereiro de 2020, depois de captar investimento para comprar a startup americana de educação online Teachable — o valor desse aporte, e de outros dois anteriores, não foi revelado.
O status de unicórnio da Hotmart não surpreendeu o mercado. Para Felipe Matos, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e colunista do Estadão, era esperado que a empresa mineira chegasse à avaliação de US$ 1 bilhão. “A Hotmart era uma das minhas apostas de futuro unicórnio. A startup tem sustentado um grande crescimento, particularmente na pandemia, já que muita gente foi buscar cursos online e eles oferecem a possibilidade de monetização de produtos digitais”, afirma.
De fato, a pandemia abriu oportunidades de crescimento para a startup mineira. Em 2020, o volume de transações na plataforma mais do que dobrou em relação ao ano anterior. “Nunca vimos um volume tão grande de pessoas chegando na plataforma. Foi uma alternativa importante para muitas pessoas, servindo de apoio nesse momento, tanto para criar cursos quanto para consumir”, diz Resende.
Olhando para frente, a startup pretende usar o novo cheque para turbinar a plataforma, ampliando sua atuação o máximo possível ao longo de toda a jornada do criador de conteúdo. Quanto à expansão internacional, a empresa diz que olha para novas regiões que têm consumido conteúdos organicamente em sua plataforma, como o Japão.
Dentro disso, a startup continuará apostando em fusões e aquisições para sustentar sua expansão. A Teachable, por exemplo, comprada em 2020, foi usada como porta de entrada da empresa no mercado americano — um raro movimento de uma startup brasileira comprando uma empresa estrangeira, o que é uma prova do tamanho e do crescimento agressivo da Hotmart, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. A ideia da startup é seguir apostando nesse tipo de aquisição para avançar em outros países.
Porém, o caminho além das fronteiras brasileiras terá desafios. “Existem outras plataformas atuando nesse segmento ao redor do mundo. A Hotmart conseguiu criar uma presença cultural muito forte aqui no Brasil, agora é hora de descobrir como se tornar uma referência também no exterior”, diz Rafael Ribeiro, diretor de operações da Bossa Nova Investimentos.
Para Resende, um dos trunfos da Hotmart nessa briga é a experiência. “Estamos há dez anos no mercado, acompanhando a evolução da internet do lado do nosso cliente”, diz.
Fonte: Estadão.