No panorama do mercado financeiro brasileiro, os dividendos distribuídos por empresas de capital aberto são indicadores essenciais da saúde financeira corporativa e da atratividade dos ativos para investidores.
Uma recente análise envolvendo 293 empresas, excluindo Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), juntamente com a contribuição dessas duas gigantes, revela tendências significativas para investidores e para o mercado como um todo.
É importante ressaltar que a análise considera os recursos distribuídos em forma de dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP). As empresas anunciam os dividendos a serem pagos após a divulgação de seus balanços e a realização das Assembleias Gerais Ordinárias (AGOs), com os desembolsos ocorrendo posteriormente.
Esse levantamento foca no montante efetivamente desembolsado, e não apenas no valor anunciado.
Segundo os dados apresentados, no segundo trimestre de 2024, as 293 empresas analisadas, excluindo Petrobras e Vale, desembolsaram R$ 38,06 bilhões em dividendos. Em comparação, Petrobras e Vale, juntas, distribuíram R$ 37,56 bilhões.
Em relação ao mesmo período do ano anterior (2T23), houve um aumento de 3,7% no valor distribuído pelas 293 empresas, passando de R$ 36,71 bilhões para R$ 38,06 bilhões. Este crescimento reflete estabilidade nos pagamentos de dividendos, mesmo em um contexto econômico desafiador. Além disso, o valor desembolsado no segundo trimestre de 2024 representa o maior já registrado para um segundo trimestre desde 2020, evidenciando um crescimento consistente ao longo dos anos. Além disso, nos últimos três anos, o quarto trimestre tem apresentado o maior volume de dividendos desembolsados.
Por outro lado, a contribuição de Petrobras e Vale, tradicionalmente responsáveis por uma parcela significativa dos dividendos no país, manteve-se robusta e estável, com um aumento de R$ 30,62 bilhões no 2T23 para R$ 37,56 bilhões no 2T24. Esta estabilidade indica que, apesar das flutuações macroeconômicas, essas empresas continuam a manter uma política sólida de distribuição de lucros.
Semestre representativo para dividendos:
A análise semestral oferece uma visão mais abrangente. No primeiro semestre de 2024, as 293 empresas, excluindo Petrobras e Vale, distribuíram R$ 77,94 bilhões, enquanto Petrobras e Vale somaram R$ 66,74 bilhões.
Comparado ao primeiro semestre de 2023, houve um aumento significativo nos dividendos pagos pelas 293 empresas, de R$ 63,46 bilhões para R$ 77,94 bilhões, indicando uma recuperação no fluxo de caixa e na disposição das empresas em remunerar seus acionistas.
Essa recuperação é ainda mais notável quando comparada ao segundo semestre de 2022, período em que houve um desembolso maior devido à recuperação pós-pandemia, refletindo um ciclo econômico mais favorável.
O levantamento também aponta que, historicamente, o segundo semestre de cada ano tem apresentado um volume de dividendos superior ao do primeiro semestre. Em média, nos últimos quatro anos, esse volume foi 31% maior, sugerindo que os dividendos desembolsados em 2024 podem alcançar níveis históricos para as empresas listadas na B3, caso a tendência se mantenha.
Entretanto, é crucial considerar que o resultado do segundo semestre de 2024 pode ser inferior à mediana, já que, nos últimos três anos, o crescimento tem diminuído: em 2021, o crescimento no segundo semestre em relação ao primeiro foi de 67%, em 2022 de 47% e, em 2023, de apenas 13%.
O volume de dividendos desembolsados pelas 293 empresas no primeiro semestre de 2024 corresponde a 57,6% do total desembolsado pelas mesmas empresas em todo o ano de 2023, indicando a possibilidade de um ano recorde de distribuição de dividendos em 2024.
Ao analisar os dados trimestrais e semestrais das empresas brasileiras de capital aberto, observa-se que, apesar das adversidades econômicas, as empresas continuam a demonstrar forte capacidade de geração de caixa e compromisso com a remuneração aos acionistas.
Excluir Petrobras e Vale da análise permite compreender melhor o comportamento do mercado em geral, enquanto a inclusão dessas duas gigantes revela a magnitude de sua contribuição para o cenário nacional.
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