De olho em pequenos comerciantes, ainda pouco acostumados com plataformas de e-commerce tradicionais, a startup Kyte, de Florianópolis, criou um app que oferece o primeiro passo na digitalização de seus produtos. Em três anos, conquistou 25 mil clientes de 143 países, como Estados Unidos, México e Filipinas. Agora, quer acelerar o crescimento após a alta na procura motivada pela pandemia.

Para ajudar a expandir sua atuação, a Kyte acaba de concluir uma rodada seed de R$ 5,5 milhões. O aporte foi feito pela DGF Investimentos, uma das mais antigas gestoras de venture capital do Brasil, e pelos fundos Honey Island Capital, cujos sócios são fundadores do unicórnio curitibano Ebanx, e Caravela Capital, focada em empresas early stage.

Com os recursos, a empresa vai desenvolver seu produto, ampliando o leque de funcionalidades sem perder de vista o público-alvo. “Vemos uma oportunidade muito grande de ampliar a oferta de serviços financeiros dentro do app”, afirma Guilherme Hernandez, CEO da Kyte. “Há uma quantidade de capital que passa ao lado da Kyte que queremos buscar.”

Hoje, a plataforma permite que comerciantes dos setores mais variados baixem o app direto no celular e, em poucos passos, cadastrem seus produtos. O link com a lojinha online é compartilhado principalmente em redes sociais como WhatsApp e Instagram, e há a possibilidade de fazer a compra dentro do sistema, por meio de uma parceria com o Mercado Pago.

São dois modelos de acesso: o gratuito, com funcionalidades limitadas, e uma versão paga, completa. A cobrança da mensalidade é a única forma de geração de receita da Kyte. No modelo pago, o cliente tem mais opções, como a gestão do estoque e relatórios de vendas. “São questões básicas de gestão para profissionalizar o pequeno comerciante”, afirma Hernandez.

A Kyte diz também identificar um potencial de fintech em sua solução. Por mês, a startup estima que US$ 100 milhões são movimentados em transações pelo aplicativo. “Não temos o objetivo de virar um banco digital”, diz Hernandez. Mas o empreendedor vê oportunidades para oferecer uma carteira digital dentro do app, bem como outros serviços que podem ser agregados, como adiantamentos e seguros. “É uma outra frente de negócios que se abre”, afirma.

A grande sacada da startup foi lançar o app simultaneamente em três idiomas, português, inglês e espanhol, já com o objetivo de se tornar global.  Hoje, 45% das empresas são do Brasil. Mas a empresa está presente em centenas de países. Estados Unidos, México e Filipinas são os três maiores mercados externos.

Outros países da América Latina, como Chile e Argentina, e do sudeste asiático, como Malásia e Indonésia, também são representativos. “Não fizemos nada específico para chegar nesses países, mas entendemos que as dores desses comerciantes são muito similares”, diz Hernandez.

O foco em uma dor global foi um dos motivos que chamou a atenção dos investidores. Mas não foi a única. “Olhamos para vários aspectos na Kyte”, afirma Henrique Uehara, sócio da DGF Investimentos. “Eles têm uma estratégia escalável. Mais de 50% da receita vem de fora. E tem um volume enorme de clientes, mais de 22 mil deles pagantes”, diz.

A Kyte espera fechar o ano dobrando a base de clientes e atingindo 50 mil. No Brasil, a mensalidade é R$ 19,99. Em cada país ela é ajustada de acordo com o poder de compra na região. A equipe, hoje com 25 pessoas, deve passar para 70 funcionários. A startup não divulga dados de faturamento, mas diz que espera triplicar a receita.

Além dos recursos financeiros, os investidores vão ajudar a organizar a estrutura da empresa. “Quando a startup põe o pé no acelerador, é preciso estar atento para o crescimento saudável”, afirma Mario de Lara, cofundador da Caravela. “Vamos levar essa expertise de gestão.”

Fonte: Neofeed.