O nome já traz algumas referências com as palavras “floresta” e “verde”. Todavia, foi em 2010 que o clube da quarta divisão inglesa, Forest Green Rovers, iniciou a trajetória que o converteu no primeiro clube de futebol profissional do mundo com pegada de carbono neutra, o que lhe rendeu o título de “mais verde” do mundo pela Fifa.
Naquele ano, time foi assumido pela empresa que gera energia verde no Reino Unido, a Ecotricity. Desde então, várias medidas foram tomadas: a energia do clube é provida por painéis solares no teto do estádio New Lawn e por moinhos de vento, e o cortador de grama também é movido à energia solar. Há um ponto para recarga de carros elétricos no New Lawn. O gramado é irrigado com água coletada da chuva. A van que leva os materiais dos jogadores também é elétrica.
Entre as ações do clube, uma merece destaque: em 2015, o Forest Green Rovers se tornou um clube vegano. Nada da comida oferecida aos atletas e vendida aos torcedores tem origem animal. “Não foi um grande problema, explicamos para os jogadores como uma questão de performance. Levamos três anos para fazer a transição para o veganismo: primeiro, tiramos a carne vermelha, depois a carne branca, e então os peixes e laticínios. Mergulhamos na medicina esportiva e na ciência para ajudar os atletas a terem a melhor dieta possível”, relata Dale Vince, fundador da Ecotricity e presidente do Forest Green Rovers.
O cardápio vegano oferecido aos torcedores conta com hambúrgueres, pizza, sopa, batata frita e até uma torta premiada em uma competição nacional do Reino Unido na categoria vegetariana. Outro ponto interessante sobre a comida é que, entre os programas de participação que o clube oferece à comunidade e às escolas locais, um deles ensina às crianças como cozinhar em casa a comida feita no clube.
A escolha por ser um clube verde tem funcionado do ponto de vista de marketing: o clube tem atraído novos patrocinadores e parceiros ligados à economia verde, como empresas de comida vegana. “Nossa intenção é mostrar que é possível, que há outro jeito de fazer as coisas e que funciona”, afirma o presidente do Forest Green Rovers. Em campo, o clube conquistou o acesso à quarta divisão pela primeira vez em 2016-17.
De olho no futuro
O Forest Green Rovers pretende deixar seu atual estádio, o New Lawn, em Nailsworth, e se mudar para um novo com capacidade para 5 mil pessoas, o Eco Park, em Stroud. A construção da nova casa do clube deve começar em dois anos.
“Será feito principalmente de madeira de lei, que é provavelmente o material mais sustentável disponível. 75% da pegada de carbono de um estádio ao longo do seu tempo útil vêm da sua construção, usando materiais como concreto, não da energia que é utilizada nele por 50 anos. Vamos replicar algumas das coisas do velho New Lawn, como o campo orgânico e os painéis solares. Perto, vamos construir um business park para desenvolvimento de tecnologia verde e plantar muitas árvores”, projeta Vince.
Na temporada atual, o Forest Green Rovers está na quinta colocação na League Two, a quarta divisão inglesa – os três primeiros ganham o acesso diretamente e os quatro seguintes disputam um mata-mata no qual o campeão também é promovido. Para Vince, o elenco atual é o melhor da história do clube, mesmo com o teto salarial introduzido na liga por conta da pandemia, o que foi possível através de um recrutamento dividido entre a análise de dados e o olhar do técnico Mark Cooper.
Fonte: Estadão.