O cenário econômico e de expansão no mercado renovável direciona suas atenções para o mercado livre. Recentemente, em painel sobre novos modelos de negócios no Brazil Windpower, empresas revelaram que o ambiente livre vem sendo a bola da vez.

Lucas Araripe, diretor de projetos e novos negócios da Casa dos Ventos, comenta que o maior retorno está no ACL. “Hoje não se consegue enxergar projetos viáveis economicamente 100% no mercado regulado”, diz.

Nos últimos anos, a falta de certames pujantes no mercado regulado também fomentou esse incremento no ACL, em que os players possibilitaram uma fatia mínima de um projeto no cativo e o restante no livre. A autoprodução foi outro modelo adotado no setor.

Nos últimos 24 meses, a Casa dos Ventos, instalou 650 MW de autoprodução. Empresas de variados tamanhos podem ter acesso à energia no mesmo parque, em uma estrutura de condomínio. “Você consegue dar o mesmo benefício para a Vale e para a Vulcabrás e a Tivit”, cita Araripe.

Javier Alonso Pérez, diretor de Trading e Comercialização na Enel Brasil, conta que desde o fim de 2017 a empresa abandonou o financiamento de projetos apenas pelo mercado regulado. Os últimos leilões, com preço abaixo de R$100/MWh, serviram para balizar a decisão. Segundo ele, os últimos 800 MW viabilizados pela empresa foram todos para ACL com contratos com o cliente final. Para Perez, a atratividade dos preços prevalece.

Esse novo panorama, com a região Nordeste se transformando em um grande polo de energia renovável, faz com que no futuro a transmissão ganhe mais importância, de modo que se escoe a energia de lá para o Sudeste. De acordo com Araripe, a mudança de dinâmica causada pela expansão do mercado livre é outro fator de atenção para a região. “É algo que a gente precisa pensar, mudar o paradigma. Tem que ter algo estruturante para trazer essa energia do Nordeste”, avalia.

O advogado Aberto Bull, sugeriu durante o painel que fosse criado um leilão de teste para baterias, para que existisse uma diretriz nesse tema.  “Seria uma disrupção absurda”, comenta. Para Araripe, o ritmo de inserção das baterias no Brasil só vai  acelerar quando houver o marco regulatório, que avalie o seu valor de serviço ancilar de rampa, frequência e na transmissão. “Quanto mais  tiver uma avanço regulatório para dar o valor elétrico, tem vários modelos de negócio que acelerariam a inserção das baterias”, aponta.

Fonte: Canal Energia