O Real Digital é o novo projeto de moeda digital em que o Banco Central está trabalhando, onde pretende dar maior eficiência às transações financeiras. A decisão está sendo influenciada pelo avanço do ambiente digital e onde o BC vê com bons olhos a criação de uma moeda digital para o país.
Para falar sobre o tema, o BC inaugurou na última quinta-feira, 29, uma série de webinars com a palestra “Potenciais do Real em formato digital”. Este foi o primeiro dos sete encontros previstos para o segundo semestre, que também contou com a participação do palestrante e professor Robert Townsend, do Massachusetts Institute of Tecchnology (MIT), envolvido diretamente no projeto do dólar digital.
O intuito do BC é de “estabelecer as bases para o eventual desenvolvimento de uma CBDC (Central Bank Digital Currency) que venha a acompanhar o dinamismo da evolução tecnológica da economia brasileira e aumentar a eficiência do sistema de pagamentos de varejo”.
Dessa forma, visa impulsionar para o surgimento de novos modelos de negócios e de outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos.
Utilidade de uma moeda digital comparado a criptomoedas
Para uma melhor compreensão sobre o tema, a autoridade monetária esclarece que as moedas digitais são bastante diferentes em comparação às criptomoedas. Fabio Araujo, coordenador dos trabalhos da moeda digital, fez uma boa explicação do projeto em que o BC está trabalhando.
Para Fabio Araujo, criptoativos como o Bitcoin não detém as características de uma moeda, mas sim de um ativo digital. Para o Banco Central a falta de regulamentação dos ativos digitais acaba tornando o investimento em criptomoedas muito arriscado.
A CBDC seria uma nova forma de representação da moeda e já emitida pela autoridade monetária nacional. Por fazer parte da emissão da política monetária nacional, ela conta com garantia. Robert Townsend destacou em sua palestra seguir a mesma linha. “O papel do banco público vai além do lucro e abrange o bem-estar da sociedade como um todo”, disse o professor do MIT.
A CBDC também serve como uma alternativa para substituir o papel moeda, podendo ter moedas estáveis com o apoio da moeda bancária, garantindo que o dinheiro é real. Para Robert, tanto o dinheiro público como também o dinheiro privado podem coexistir em um mesmo ambiente.
O professor entende que algumas regras precisam ser seguidas pelos Bancos Centrais a fim de planejar um sistema financeiro com rastreamento, criptografia, computação e privacidade.
Infraestrutura
O Professor da Escola de Negócios da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo Diniz explicou que alguns processos precisam ser observados para a “construção da parte técnica” da moeda digital brasileira.
Ele explica que quando se tem uma moeda em papel, a Casa da Moeda constrói um papel físico. Há toda uma infraestrutura técnica que envolve o entorno da moeda, desde máquinas, tintas e impressoras.
No momento em que um sistema migra para o outro, se mantém a estrutura lógica do “sistema de pagamento”, onde o BC tem todas as regras sobre o controle do funcionamento do sistema de pagamento.
O Banco Central não tem planos de substituir o real por uma moeda digital, sendo que o Real Digital tem vários planos positivos pela autoridade monetária: unidade de conta, reserva de valor, meio de pagamento e por fim pensar em uma maior digitalização da nossa economia e sociedade, que aos poucos evolui nesse sentido.