A conta de luz dos brasileiros deve seguir até a reta final de 2021 sob pressão das bandeiras tarifárias, que geram cobranças adicionais para os consumidores quando há menor oferta de energia no sistema.
Na prática, as projeções resultariam no aumento nos custos da energia frente ao ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel, suspendeu a aplicação das bandeiras a partir de junho, devido à pandemia.
Lançado em 2015, o método de bandeiras leva a custos extras para os consumidores quando sai do patamar verde para o amarelo ou vermelho. A Aneel calcula o patamar a cada mês com base na oferta de geração hidrelétrica e nos preços da energia no mercado de curto prazo.
Em razão do acionamento da bandeira amarela durante o primeiro trimestre deste ano, as contas de luz tiveram um custo extra de 1,343 a cada 100 kilowatts-hora consumido.
“Hoje, nossa expectativa é de que, de maio em diante, seja bandeira vermelha. Com observação de que em junho pode ser que consigamos cair para a bandeira amarela”, disse o presidente da comercializadora Esfera Energia, Braz Justi.
A Comerc Energia é um pouco mais otimista, mas também vê a continuidade de um cenário de conta de luz pressionada até o final do ano.
“Em nossa visão, é bem possível que tenhamos a partir de maio um período intenso de bandeira amarela. Até o final do ano teríamos pelo menos amarela… com alguma chance de ter bandeira vermelha em julho e agosto”, comenta o vice-presidente da Comerc, Marcelo Ávila.
As expectativas de manutenção das cobranças devem-se principalmente às chuvas fracas na região nas hidrelétricas mesmo entre novembro a abril, época conhecida como “período úmido” no setor de energia.
A partir de junho, eventuais acionamentos de bandeiras vermelhas poderão gerar custos ainda maiores, uma vez que a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem discutido uma proposta preliminar que aumentaria os valores adicionais gerados pelo mecanismo.
Por essa proposta, que está em consulta pública até meados de maio, a bandeira vermelha nível 1 ficaria 10% mais cara (a 4,599 reais por cada 100kwh), enquanto a vermelha nível 2 avançaria 21% (para 7,571 reais a cada 100kwh). Já a bandeira amarela poderia ter redução de quase 26% (para 0,996 real).
As projeções de maiores custos para os consumidores com as bandeiras tarifárias neste ano ainda ocorrem em meio a significativos aumentos nas contas de luz.
Consultorias especializadas têm apontado expectativa de reajustes médios próximos de 10% nas tarifas ao longo de 2021, em meio a fatores de pressão como a desvalorização do real e o maior uso de usinas termelétricas mais caras devido às chuvas fracas.
Diante desse cenário, a diretoria da Aneel decidiu suspender processos de reajuste tarifário enquanto avalia mecanismos para conter a tendência de escalada de custos.
Fonte: Reuters.