O real digital será emitido pelo Banco Central. Não se trata de uma criptomoeda, porque será garantida pelo governo.
O real digital será emitido pelo Banco Central. Não se trata de uma criptomoeda, porque será garantida pelo governo.

O real digital, futura moeda virtual oficial do país, está em elaboração pelo Banco Central. A previsão inicial é que um projeto-piloto será lançado no segundo trimestre de 2023, se estendendo até o fim do ano seguinte.

O Banco Central informa que planeja baratear custos de operações bancárias e aumentar a inclusão dos consumidores no novo mercado financeiro com a moeda virtual, cada vez mais atrelado às redes e ao mundo virtual.

As diretrizes do real digital foram lançadas no ano passado. Entretanto, não se trata de uma criptomoeda, porque será garantida pelo governo. Emitida pelo Banco Central, ela será uma extensão da moeda física, com distribuição ao público intermediada por bancos e instituições de pagamento, e poderá ser trocada pelo real tradicional (em notas), e vice-versa.

A cotação frente a outras moedas também será a mesma e será proibido que os bancos emprestem a terceiros esses recursos, como acontece atualmente com o real físico, e depois os devolva aos clientes. Não haverá remuneração, ou seja, os recursos não terão uma correção automática. As operações vão contar com garantia de segurança jurídica, cibernética e de privacidade.

Real digital vai modernizar a economia

O coordenador do real digital no Banco Central, Fábio Araújo, afirmou que a iniciativa é um passo adiante na modernização do sistema bancário e de pagamentos no Brasil.

“É toda uma trajetória de inclusão financeira. Você tem primeiro o PIX, com o acesso ao pagamento digital. Depois vem o open banking, quando o sistema financeiro começa a oferecer produtos personalizados. O real digital traria eficiência para implementação desses produtos, tornando essa inclusão mais efetiva”, disse.

O economista explicou que, com o real digital, o governo vai possibilitar transações no novo mercado financeiro, caracterizado por ativos digitais.

Essas transações deverão ocorrer no ambiente virtual chamado Web3. Visando baratear e democratizar o acesso, a nova rede é gerenciada por meio de plataformas públicas que armazenam as informações e transações, as chamadas blockchains. Portanto, os dados ficam descentralizados, saindo da alçada de grandes empresas de tecnologia. 

Segundo o Banco Central, governos de quase 80 países, que correspondem a mais de 90% do PIB mundial, estão engajados com projetos de moedas digitais.

“Esse movimento faz parte da transformação digital pela qual vem passando nossa sociedade. Todos estão procurando definir esse espaço e determinar como uma moeda digital de banco central pode ajudar a trazer novas funcionalidades para os cidadãos”, continuou o coordenador.

O projeto-piloto, que irá começar no segundo trimestre de 2023, se estendendo até o fim do ano seguinte, deve contar com apenas alguns participantes e valores limitados. O Banco Central ainda não crava quando a moeda digital estará disponível para toda população, pois isso depende do sucesso dos testes.