O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 2%. A decisão ocorreu na quarta-feira, 16, e interrompeu a sequência de nove cortes seguidos na taxa iniciada em julho de 2019.
No comunicado, o Comitê revelou que espera uma elevação da inflação no curto prazo com uma alta “temporária” dos preços dos alimentos. “O Comitê avalia que a inflação deve se elevar no curto prazo. Contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade”, afirmou.
A pausa nos cortes já havia sido sinalizada no mês de agosto, quando o Copom disse que o espaço para quedas adicionais seria pequeno. O patamar é o menor da série histórica iniciada em 1996. Por essa sinalização o mercado já esperava a manutenção da taxa e projeta que ela suba 0,5 pontos percentuais em 2021, fechando o próximo ano em 2,5%.
Apesar do fim da queda, o Banco Central seguiu lançando mão de uma nova ferramenta para influenciar nas taxas de juros do mercado, o forward guidance. Esse instrumento consiste em usar a própria comunicação do Banco Central com uma maneira de influenciar as taxas de juros. Neste caso, o BC acenou que os juros continuarão baixos.
Ao informar que deve seguir com essa taxa por um tempo, o BC dá uma previsão para os agentes do mercado de que as condições da taxa básica de juros não devem mudar durante um período prolongado e, assim, os bancos e instituições financeiras podem ajustar as suas taxas com maior previsibilidade.
Esse panorama de juros só sofreria alterações caso ocorra uma mudança na manutenção do atual regime fiscal e se as expectativas de inflação de longo prazo mudar radicalmente.
A Selic nada mais é do que uma taxa em que bancos, administradoras de cartões e instituições financeiras se baseiam para calcular os juros que serão cobrados de seus clientes nas diferentes modalidades oferecidas. Com uma taxa mais baixa, outras taxas também tendem a cair, o que faz com o que o crédito se torne mais barato.
Com as taxas de juros mais acessíveis, os financiamentos ficam mais baratos para as empresas. Assim sendo, elas podem usar os recursos para fazer mais investimentos ou mesmo se manter durante o período de queda no faturamento devido aos efeitos da pandemia.
Além de fomentar a economia, a Selic também é uma das ferramentas que o BC usa para atingir a meta de inflação. Quando está abaixo da meta, o BC corta os juros, estimulando o crédito, aumentando o consumo e a inflação. Quando a inflação parece caminhar para acima da meta, o BC eleva os juros, encarecendo o crédito, que por sua vez freia o consumo, reduzindo a inflação.
A inflação nos últimos doze meses está em 2,44%, um pouco abaixo da meta de 4% estabelecida para 2020. A meta tem margem de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos, com piso em 2,5% e teto em 5,5%.
Fonte: IG