O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá liberar crédito para empresas em dificuldades por causa da crise gerada pela pandemia de coronavírus, especialmente as aéreas. Segundo o presidente da instituição, Gustavo Montezano, o plano estará disponível em abril.

“Estamos em discussão intensa e o nosso objetivo é disponibilizar a linha em abril, que em abril esteja no caixa das empresas”, disse Montezano durante entrevista coletiva transmitida pela internet na noite de domingo, 29. Segundo Montezano, o financiamento será feito por uma debênture reversível. Nesse sistema, o dinheiro é disponibilizado para as companhias a uma taxa de juro baixa. Se, no futuro, as ações da empresa subirem acima de um determinado ponto, o BNDES receberia uma remuneração extra.

Montezano destacou que todas as companhias poderão ter acesso à linha de financiamento. Os recursos, entretanto, poderão ser usados para a operação da empresa e não para pagamento de outros financiamentos.

Esse é mais um movimento do governo para tentar salvar as aéreas da quebra. No dia 18, o Ministério da Infraestrutura anunciou algumas medidas para ajudar as empresas, entre elas uma ampliação no prazo para devolução do valor pago pelas passagens aéreas canceladas.
O modelo usado pelas aéreas pode ser replicado pelo BNDES para outros setores da economia. “Esse modelo que a gente está usando para as companhias aéreas de debênture ou quase equity, a ideia é que a gente adote sim para outros setores”, disse ele.

“Estamos montando modelos e parâmetros para empresas grandes e médias e a ideia é distribuir não só empréstimo, mas também capital para as empresas passarem pela crise. Não é só giro. Dado a perda de demanda e a perda de valor, é importante que essas empresas sejam capitalizadas também. A resposta é sim.”

Crédito para folha de pagamento

Na videoconferência, Montezano disse esperar que estejam disponíveis até maio os recursos do programa de 40 bilhões de reais anunciado recentemente pelo governo para contribuir para o pagamento por dois meses da folha se salários de pequenas e médias empresas (cujo faturamento anual está entre 360 mil reais e 10 milhões de reais).

“A gente trabalha para que o financiamento para folha de pagamento seja pago na primeira semana de maio, referente à folha de abril, e trabalhamos para antecipar isso”, ressaltou ele, que disse não temer que os bancos privados, que terão participação de 15% no programa, atrasem a disponibilização dos recursos, apesar de haver uma natural aversão de risco dessas instituições em tempos de crise e instabilidade.

O presidente do BNDES lembrou que o financiamento para folha de pagamento foi construído em conjunto com os bancos privados e que haverá uma supervisão do Banco Central. “Isso vai ser supervisionado pelo Banco Central… há naturalmente uma aversão a risco e cabe ao BC, BNDES e Tesouro propor medidas para garantir esse fluxo”, finalizou.

Fonte: Veja