O agronegócio brasileiro, principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no país, enfrenta grandes desafios com os recentes eventos climáticos extremos. As enchentes no Rio Grande do Sul e a seca severa na Amazônia, que se antecipou ao período tradicional de estiagem, já geraram prejuízos de pelo menos R$ 6,7 bilhões para o setor, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

No Rio Grande do Sul, as enchentes causaram não apenas perdas humanas, mas também R$ 5,4 bilhões em danos à agricultura e pecuária. Já na região Norte, a seca extrema tem reduzido drasticamente o volume de água nos rios, resultando em prejuízos de quase R$ 1,3 bilhão para o setor agropecuário. A CNM alerta que esses números podem aumentar à medida que mais dados sejam reportados pelas cidades afetadas.

Na Amazônia, a seca já dura um ano em algumas áreas, conforme observado pela pesquisadora Ana Paula Cunha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). Pequenos produtores, que muitas vezes carecem de assistência técnica e energia, estão entre os mais prejudicados.

Embora a CNM não tenha detalhado a situação no Pantanal, a seca e os incêndios que assolam a região também têm impactado negativamente o agronegócio. No Mato Grosso do Sul, o fogo já consumiu 1,2 milhão de hectares, incluindo áreas produtivas de pastagem e infraestrutura. A falta de alimento para o gado está levando o setor a considerar a redução do número de abates neste ano.

A soja, uma das principais commodities de exportação do Brasil e um dos maiores motores do desmatamento, também está sofrendo os efeitos desses eventos climáticos extremos. As altas temperaturas e a escassez de chuvas na última safra comprometeram a qualidade das sementes, impactando a oferta para a safra atual.

Esses desafios climáticos não se limitam ao Brasil. Na Europa, a primavera anormalmente úmida e o verão caótico estão causando grandes perdas na produção agrícola, afetando o tamanho e o sabor das colheitas, além de dificultar a colheita de azeitonas para a produção de azeite na Itália.

Em resposta a esses desafios, o Brasil tem adotado iniciativas governamentais e setoriais para mitigar os impactos das mudanças climáticas no agronegócio. O Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), por exemplo, promove práticas agrícolas sustentáveis, visando à redução das emissões de gases de efeito estufa e ao fortalecimento da resiliência das propriedades rurais.

Além disso, as políticas de crédito agrícola estão sendo reformuladas para estimular a adoção de tecnologias e práticas mais sustentáveis, e os programas de seguro agrícola estão sendo ampliados para oferecer maior proteção contra perdas decorrentes de eventos climáticos extremos.

Os produtores rurais também estão se adaptando, adotando estratégias como a diversificação de culturas, o investimento em sistemas de irrigação mais eficientes, o uso de sementes e cultivares melhor adaptadas ao clima local e o manejo integrado de pragas e doenças. Muitos têm buscado parcerias com instituições de pesquisa e cooperativas agrícolas para acessar informações e tecnologias que possam fortalecer a resiliência de suas operações.

Agronegócio brasileiro em um cenário de mudanças climáticas:

Embora as perspectivas para o agronegócio brasileiro em um cenário de mudanças climáticas sejam desafiadoras, elas também oferecem oportunidades para inovação e crescimento sustentável. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias agrícolas adaptadas ao clima, melhorias na infraestrutura rural, capacitação de agricultores em práticas sustentáveis e políticas públicas eficazes são essenciais para promover a adaptação e a mitigação dos impactos climáticos no agronegócio brasileiro.

Recentemente, nossos especialistas discutiram a renegociação de dívidas e o impacto das enchentes nos produtores em um dos nossos episódios mais recentes do podcast.

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