A história da startup Mediação Online, fundada pela advogada Melissa Felipe Gava, começou quando ela ainda era estudante de direito na Itália, onde se especializou em mediação de conflitos. A prática, comum por lá, era praticamente desconhecida no Brasil.
Quando retornou ao Brasil, em 2014, Melissa não encontrou emprego. Então, ela se dedicou a estudar o mercado e a buscar apoio tecnológico para elaborar uma solução própria.
Em 2015, foi aprovado o novo Código de Processo Civil, um marco que liberou a mediação como alternativa. Com o respaldo legal, Melissa lançou um serviço inédito para pessoas físicas. “Não existia uma plataforma online, acessível, rápida e prática para resolver conflitos”, diz.
Em 2017, já com a sócia Camilla Feliciano Lopes, a solução passou a ser oferecida. No mesmo ano, a reforma trabalhista dá um peso maior e flexibiliza o uso de acordos entre empregador e empregado. Assim, as duas começam a conquistar os grandes litigantes do Brasil: grandes bancos, varejistas e telecomunicações.
Hoje, são 55 clientes. Para casos mais complexos, a startup também começou a servir como marketplace para mediadores. Conflitos mais simples podem ser resolvidos por um fluxo simples, com a plataforma oferecendo salas virtuais para a comunicação ente as partes e ferramentas como a assinatura digital para fechar o acordo.
Um dos primeiros clientes da Mediação Online foi o Itaú Unibanco. O case com o banco foi premiado pela mediação feita com mil pequenas e médias empresas. Em 2018, foram 4 mil processos tirados das mãos da Justiça em seis meses.
Com a pandemia, foi a solução online que permitiu que tribunais por todo o Brasil continuassem funcionando: a justiça precisava de tecnologia e a ela foi oferecida a solução da MOL de forma gratuita.
“Já era uma tendência inevitável que tribunais virassem online, mas com as barreiras culturais existentes, isso levaria uma década. Em janeiro de 2020, tribunais no mundo todo foram fechados e viraram online. Quando a pandemia chegou aqui, nós tínhamos uma solução. E vivemos uma década em um ano”, conta a CEO.
E ainda há muito espaço para crescer: o Conselho Nacional de Justiça calcula que a mediação aplicada a conflitos simples pode gerar uma economia de 63 bilhões de reais aos cofres públicos.
Para a CEO, o Brasil é um laboratório ótimo pela dimensão de seu problema e para comprovar que a solução pode ser escalável para o resto do mundo.
Fonte: Exame.