O setor de tecnologia fechou 2020 com número recorde de acordos de capital de risco na América Latina. Investidores fecharam 488 acordos com empreendedores e embora o valor captado – US$ 4,1 bilhões – tenha ficado 10% abaixo de 2019, fundos internacionais continuaram a investir.

“O capital privado da região foi notavelmente resistente e forte”, disse Ivonne Cuello, diretora-presidente da Latin American Private Equity & Venture Capital Association, ou LAVCA.“Ainda vimos muitos investidores internacionais entrando nessas rodadas.”

O mercado de startups da América Latina cresceu nos últimos anos, atraindo fundos estrangeiros que antes consideravam a região atrasada em tecnologia, com poucas empresas que valiam a pena investir. O Nubank, maior startup privada da região, agora está avaliado em US$ 25 bilhões, enquanto o aplicativo de entrega colombiano Rappi levantou cerca de US$ 300 milhões no ano passado, impulsionado pela pandemia, e agora está avaliado em pelo menos US$ 3,5 bilhões.

Muitas empresas financeiras, startups de comércio eletrônico e de tecnologia imobiliária, como a colombiana La Haus, inspirada no Zillow, se expandiram no ano passado, disse Cuello, mesmo com uma das piores crises econômicas da região.

No ano passado, o capital de risco ajudou a criar alguns unicórnios – startups que alcançaram valuations de US$ 1 bilhão ou mais. O provedor de pagamentos dLocal captou US$ 200 milhões em uma rodada liderada pela General Atlantic e se tornou o primeiro unicórnio do Uruguai.

O México obteve seu primeiro unicórnio com a plataforma de carros usados Kavak, cujo valor alcançou US$ 1,1 bilhão. A empresa recebeu capital do DST Global, KaszeK Ventures e SoftBank, que em 2019 lançou um fundo de US$ 5 bilhões para a América Latina.

A proptech Loft recebeu US$ 175 milhões em fundos, incluindo de Andreessen Horowitz, o que elevou o valor da empresa acima de US$ 1 bilhão. E o banco online Creditas levantou US$ 255 milhões em rodada liderada pela LGT Lightstone, aumentando seu valuation para US$ 1,75 bilhão.

Investidores também sacaram em ritmo recorde, com US$ 11 bilhões em saídas, que incluem ofertas públicas iniciais e aquisições de private equity. Essa tendência foi impulsionada pelo dinamismo da bolsa brasileira, onde empresas e acionistas levantaram mais de US$ 8 bilhões em IPOs.

Empresas estrangeiras, como Advent International, Carlyle e Warburg Pincus venderam participações em empresas que abriram capital, segundo a LAVCA.

As baixas taxas de juros que atraíram investidores para as ações em busca de retornos mais elevados impulsionaram os IPO globais. Apesar da maior volatilidade nos mercados recentemente, Cuello disse que os fundamentos devem manter a tendência neste ano.

“Há uma demanda de investidores locais e internacionais que estão de olho na liquidez desses mercados, refletindo as tendências que vemos nos mercados globais e dos EUA”, disse. “Isso definitivamente continuará em 2021.”

Fonte: Bloomberg.