Na esteira da mudança de metas anunciada pela equipe econômica no início da semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou as projeção fiscal do Brasil para 2024 e nos próximos anos. De acordo com a nova situação, a dívida pública do país deve aumentar para patamares comparáveis aos do Egito e da Ucrânia, e deve permanecer negativa até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O déficit primário do Brasil neste ano será de 0,6% do PIB e de 0,3% em 2025, de acordo com a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). A instituição calcula que o país só atingiria o zero a zero em 2026, no último ano do mandato de Lula.
O último projeto do organismo é que o Brasil voltará ao azul com um superávit de 0,4% do PIB em 2027. Depois disso, eles esperam melhorias anuais até 2029.
O relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira, 17 em conjunto com as reuniões de Primavera do FMI, que acontecem nesta semana em Washington, nos Estados Unidos, fornece as novas previsões. As estimativas são ainda piores do que a situação prevista pelo Fundo no documento mais recente de outubro, que indicava um déficit primário.
As projeções mais cautelosas do FMI surgem dias após o governo divulgar metas fiscais menos ambiciosas. O superávit de 0,5% do PIB foi reduzido para zero em 2025. Para 2024, o governo manteve a meta zero. Em 2026, caiu de 1% para 0,25%.
Na terça-feira, 16, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou aos jornalistas que “o ajuste foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida”.
A dívida do país, que deve continuar aumentando nos próximos anos, não será estabilizada pelo novo arcabouço fiscal, de acordo com o FMI.
A dívida pública bruta do país deve alcançar 86,7% do PIB neste ano, contra 84,7% em 2023, de acordo com o Fundo. O indicador deve continuar crescendo até atingir o patamar de 90,9% do PIB em 2026, no final do mandato de Lula.
Algumas projeções recentes do FMI, no entanto, superam as do Monitor Fiscal de outubro. O Fundo previu na época que a proporção da dívida versus o PIB do Brasil chegaria a 90,3% neste ano, em comparação com 88,1% em 2023.
Ao continuar aumentando o endividamento, o país será pior do que os países emergentes, cuja média estimada neste ano é de 70,3%. Apenas países como Egito e Ucrânia perderão o Brasil em dívida como proporção do PIB, de acordo com os cálculos do FMI para 2024. O Fundo projeta que a Argentina, que tem dívida de 86,2% do PIB neste ano, também estaria em uma posição melhor.
A dívida bruta como proporção do PIB é um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. No entanto, o governo brasileiro não leva em consideração os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central quando o FMI calcula o indicador.
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